domingo, 29 de novembro de 2009

Parto da Andréa, nascimeto da Corina

Relato Andréa




A Andréa foi muito especial desde o primeiro encontro que tivemos com ela. Foi na palestra do posto de saúde, e percebi que ali tinha uma mulher que sabia o que desejava e queria conhecer muito mais do poderíamos levar naquela palestra. Convidamos para que ela participasse das reuniões do grupo de apoio. Ela e o Ricardo, o marido, foram logo na primeira oportunidade. Muito instruídos e decididos, faziam mil perguntas e ele demonstrava um pouco de ansiedade. Depois os levamos na visita da Santa Casa, onde mais uma enxurrada de perguntas fora feitas para a enfermeira. Fomos ao chá de bebê, mas não tivemos muita oportunidade de conversar com a Andréa, pois estava muito lotado. Costumava ligar para ela e garantir que estaríamos com ela quando o parto se iniciasse. Na terça-feira, 18/08, ela ligou quase 13h00min disse que estava com uma provável bolsa rota desde as 07h00min da manhã, então fomos para lá umas 15h00min, levei a bola e ficamos com ela até umas 17h00min, ela estava num processo legal de contrações, meio ritmadas, mas ainda bem espaçadas. Fomos para casa, e a Rô me ligou por volta de 18:00, dizendo que achava que deveríamos voltar, pois a Andréa estava ficando ansiosa. Esperei o Celso chegar em casa e ele me levou pra casa da Andréa lá pelas 21:00. Quando cheguei, percebi que o ritmo das contrações já havia mudado, e ela estava bastante desconfortável. Então a Rô foi tentando novas massagens, fomos confortando daqui e dali. Ela tremia muito durante as contrações, e não dava pra sentir que ela conseguia se entregar, mas respirava em paz e estava buscando a concentração e a entrega. Foi muito pacífico ficar por ali, indo acomodando aquela mulher em estado de graça e fazendo-a sentir-se mais confortável. Por fim conseguimos que ela se acalmasse e ficasse mais entregue com os pés no meu colo e a Rô fazendo massagem nas têmporas, enquanto o Ricardo pressionava o osso ilíaco. Ficamos assim por mais ou menos uma hora, então as contrações foram ficando mais próximas, 2 em 2 minutos. Achamos que a hora de ir para o hospital se aproximava. O Ricardo foi arrumando as coisas com calma e a levamos para a Santa Casa. Chegamos lá e encontramos o de sempre: burocracia, recepção fria e descumprimento da lei do acompanhante. A Andréa foi levada para o Centro Obstétrico e a dilatação estava em 8 cm. A confusão começou na portaria, quando não deixaram o Ricardo entrar. Ele veio me perguntar o que fazer e eu disse entre dentes, ameace chamar a polícia, mas não diga que te orientei. Enquanto isso, a Andréa acabou falando que a bolsa estava rota desde cedo, e tudo se virou contra todos nós. Liguei no CO e falei com a enfermeira, senti que ela estava P. da vida. Disse que nada estava bem, pois o pai queria chamar a polícia para entrar. Ela veio conversar conosco, e acabou alegando um monte de razões para o descumprimento da lei, mas percebi que não gostou de nossa presença e achou que a cunhada da Andréa, que era enfermeira, estava de acordo conosco e tentando algo como um parto domiciliar. Percebi claramente que as coisas iam ficar complicadas quando ela perguntou da bolsa rota. Bem, o Ricardo acabou entrando naquela hora mesmo e não saiu mais. A Corina nasceu bem, depois de uma hora. Foi um parto sem ocitocina, sem episio, e com muito poder da mãe. Tanto poder, que respingou em todos da maternidade, e acabou melindrando toda a equipe. Ela ficou tão dona de si, que deixou todos com muita raiva. Bebê e mãe estão ótimos, mas de castigo no hospital por oito dias, por causa da bolsa rota. Para mim o que ficou disso, é que podemos e devemos instruir a mulher cada vez mais e melhor. Devemos também fazer uma lista de orientações, para que ela se proteja deste sistema imundo, e assim possa curtir a sua maternidade com muita doçura. A Andréa é uma leoa, que tem um parceiro maravilhoso e que merece tudo de bom.


                                    

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