quarta-feira, 30 de abril de 2014

Estou grávida!


Esta manhã o céu está todo azul, um azul de inverno, muito luminoso, quase ofuscante. Estendida na cama, pouso as mãos em em minha barriga, traço leves círculos em torno do umbigo enquanto olho o teto. Estou grávida. (...) Eu já conhecia ‘você está grávida’, ‘ela está grávida’. Nunca havia pronunciado ou escrito “estou grávida”. Grávida: mais do que: “em estado de gravidez”, sinto-me em estado de secreta defesa. Investida, como se houvesse recebido uma missão. Mas, investida do quê, não sei. Nem consigo imaginar. Olho o sol que faz desenhos no teto. (...) Só quero continuar deitada com esta revelação no meu ventre e saborear sua presença.


In. BERTHERAT, MARIE. Quando o corpo consente. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 13.

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