quarta-feira, 9 de julho de 2014

As várias formas de maternar..

Há anos venho observando atentamente as mulheres que conheço. Dessa observação, surgiram algumas reflexões que gostaria de partilhar. Não tenho a pretensão de julgar, mas apenas lançar o meu olhar e minha emoção diante de tudo o que testemunhei.
        Quando minha avó teve seus oito filhos, o mundo era um lugar diferente, as mulheres não se lançavam em jornadas duplas de trabalho, e cabia ao homem, sustentar o lar. Depois vieram minha mãe e tias, era a década de 70 e muitas mulheres já saiam para trabalhar e dividiam os encargos domésticos. Cresci num lar onde minha mãe abdicou de trilhar o seu caminho profissional, em prol de criar os filhos e acompanhar as constantes mudanças de cidade que o trabalho de meu pai nos obrigava a fazer. Não sei se fomos mais ou menos felizes que outros amigos, mas para nós, a nossa mãe sempre foi equilíbrio, doçura e presença. Não cabe a mim julgar suas falhas, porque é claro que todas nós as temos.
          Essa experiência me mantinha constantemente dividida entre crescer e seguir uma carreira, ou ser como a minha mãe. Para mim era simples assim, uma questão de escolher um, e deixar o outro.
          Quando me casei, ainda com vinte anos, e já grávida de minha primeira filha, no final da década de 80, todas as minhas amigas estavam cursando faculdade e dando seus primeiros passos em carreiras que escolheram livremente. Naquele ano, 1989, eu também havia escolhido, e estava cursando pedagogia e montando uma escolha maternal, resultado dos sonhos de quatro anos de curso de Magistério com especialização em pré-escola. Mas aconteceu uma coisa maior naquele ano, nasceu a minha primeira filha e eu já não conseguia ter outro sonho senão e de estar com ela todos os dias.
         Em meio a novos caminhos e escolhas, acabei ficando com cada uma de minhas filhas que foram nascendo, foram quatro. Mesmo que trabalhasse em pequenos intervalos e cuidasse delas, passei a maior parte do tempo curtindo a tal da maternidade. Elas cresceram, o tempo passou e eu não segui nenhuma carreira brilhante. Por mais estranho e chocante que possa parecer, eu continuava imensamente feliz e não sentia falta disso.
         Hoje, filhas criadas, resolvi cuidar da minha vida profissional, que aconteceu meio sem querer com a chegada da minha primeira neta. Me tornei Doula, e nesse universo, me encontrei mais ainda com a mulher e a mãe que pulsavam dentro de mim desde a minha infância.
         Tenho trabalhado com mulheres há seis anos, foram quase cem mães, que vi nascerem diante dos meus olhos e cheguei a uma conclusão. Ser mãe, gerar, parir e cuidar, são experiências solitárias. Mesmo diante de um provérbio africano que nos diz que “é preciso uma aldeia para educar uma criança”. Verifico que somos solitárias em nossas decisões e escolhas. Somos solitárias, porque existem muitas literaturas a respeito, muitas linhas de conduta, e nenhuma delas, é a melhor ou a mais eficaz.
        Digo isso porque a eficácia da educação de nossos filhos, só podemos verificar depois que cresceram, e mesmo adotando as mesmas fórmulas, filhos criados sob o mesmo regime, torna-se pessoas completamente distintas. Concluo assim que, você não deve se preocupar tanto com esse bombardeio de informações, e com esses milhares de grupos, reais, ou virtuais, que nos fazem saltar diariamente de uma escolha à outra.
        Não existe a melhor forma de gerar um bebê, existe a sua forma de gestar. Esqueça os mágicos textos e relatos que nos mostram a melhor forma de parir, pois a melhor forma de parir, é aquela em que a mãe se realiza e se sente segura e o filho nasce perfeito e saudável. Você também não vai encontrar solução mágica para o choro do bebê ou as mamadas. Simplesmente porque cada binômio mãe e bebê, é único.  No quesito educação formal e informal dos filhos, também somos constantemente seduzidas por velhas e novas teorias. Crie o seu filho sentindo e desejando fazer o melhor por ele, é isso que ele vai valorizar amanhã.
        Enfim, não existe maternagem perfeita, a mãe, não é a culpada de tudo. Nem sempre o pai que trabalha demais é ausente, nem sempre a mãe que não pari é a pior, nem a mãe que pari é a melhor. Será que toda mãe que não amamenta ama menos o seu filho, ou vice versa? Precisamos parar, silenciar nosso coração e voltar para a nossa essência. Não existe mãe perfeita, mas muitas vezes a sua imperfeição, pode ser o que há de melhor no outro. Seja feliz e seus filhos serão livres, e felizes.


Um comentário:

marilda b mendonca disse...

Cris, por conhecer vc, sua família e sua trajetória, sei o quanto isso é verdadeiro!! Parabéns pela bela reflexão. Bjos