Não tenho a intenção de
com este relato convencer ou julgar ninguém pela maneira como seus filhos
chegaram ou chegarão ao mundo. O que espero é mostrar que; em uma gravidez
saudável e sem complicações é possível parir com respeito, esperando o tempo da
criança e que esta chegue com total segurança, em um ambiente repleto de amor e
aconchego, o que é bem diferente de um centro cirúrgico....
Aí vai o relato do
parto do Arthur, acompanhado pelas lindas fotos (que estão nos meus álbuns) feitas
pela Mariana e Leila, com a qual fica claro que foram sim 25 horas de trabalho
de parto, mas nenhum segundo de sofrimento!!!!
Com 39 semanas e dois dias comecei a
perceber os sinais de que o Arthur não demoraria a chegar, neste dia comecei a
perder o tampão (espécie de muco que indica o inicio do processo de dilatação),
e as contrações de treinamento começaram a ficar mais incômodas. Dois dias
depois, noite de domingo comecei a sentir que as contrações ficaram mais
frequentes intensas e realmente dolorosas. Entrei em contato com minha doula
(Cris), e comecei a cronometrar a frequência para ver em que pé estávamos.
Neste meio tempo, o Lucas já um pouco nervoso por ver a proximidade do momento
tão especial a qual estávamos prestes a viver, tenta segurar uma faca para que
esta não caia no chão e acaba com um belo corte no dedo, e foi sangue pra todo
lado. Já começamos a imaginar a cena de irmos para o pronto-socorro eu em
trabalho de parto e ele com a mão ensanguentada!!!!
Mas conseguimos conter
o sangramento e voltamos a nos concentrar nas contrações, e elas estavam a cada
6 minutos, avisei a Cris (que estava acompanhando outra gestante que havia
rompido a bolsa e também estava em trabalho de parto). Ela me instruiu a
jantar, e tentar descansar. Mais ou menos 2 horas depois, e com muitas idas e
vindas ao chuveiro percebi que as contrações estavam mais frequentes e intensas
e comecei a ter um sangramento mais acentuado. Acordei o Lucas (achamos melhor
ele tentar dormir porque teria que dirigir até São Carlos), e pedi que ele avisasse
a Cris (que o intervalo das contrações já era de três minutos). Ela sugeriu que
fossemos todos para a maternidade (nós, ela e o outro casal), às 3h e 30min da
manhã saímos de casa rumo à Casa de Saúde. Chegando lá a enfermeira verificou
que eu estava com 5 centímetros de dilatação, ou seja, no meio do caminho....
A partir daí foram horas de banho de chuveiro, massagens, chocolate, coca-cola, muitas risadas, carinho e descontração. Em certo momento (não sei exatamente a hora, mas já tinha sol, acredito que era meio da tarde), fomos para a piscina (eu e o Lucas). Foi uma sensação ótima, a água quente aliviou muito a sensação dolorosa, até que em uma contração sinto vontade de fazer força e a bolsa rompe. Neste momento, a expectativa tomou conta do quarto. O obstetra e a pediatra foram chamados e, com uma plateia no quarto, o Arthur decidiu que não era hora de vir para o lado de cá. E foi a partir daí, que uma bela hemorroida que estava bem quietinha decidiu aparecer e a dor que ela me provocou me fez perder o foco nas contrações (precisei de um anestésico local para aliviar a dor e o incomodo). Com um pouco de frustração e muito cansaço sai da água e neste momento comecei a questionar se deveria prosseguir por este caminho ao qual tinha me preparado tanto para trilhar....
E claro que neste
momento tinha alguém por perto para perguntar se eu quisesse uma cesariana ela
poderia chamar o médico. A Cris, com toda sua experiência e sensibilidade, nos
disse que a decisão era nossa, mas que tudo estava caminhando muito bem, o
Arthur estava sendo monitorado constantemente e que não havia nenhum problema
que justificasse uma mudança nos planos. E foi aí, que percebi que precisava
descansar um pouco e recuperar as forças
pra continuar. Foi então que eu perguntei para a equipe de enfermagem se
poderiam me dar uma Dolantina (analgésico). Eu sabia que com isso poderia
desacelerar ainda mais o trabalho de parto, mas assumi o risco.
E essa pausa foi
essencial. Neste momento houve a troca da equipe de enfermagem e conhecemos a
enfermeira obstétrica Juliana, uma profissional incrível que me passou toda
tranquilidade e segurança necessária para continuar. E então, o quarto foi
tomado por uma paz e calmaria inimaginável, ficamos algum tempo ali, só nós
(eu, Lucas, Cris, Mari e Leila) conectados e esperando o tempo do Arthur.
Arthur nasceu ás 22:50
h, do dia 26 de maio de 2014, com 3.690 g e 49,5 cm. Ficou o tempo todo sob
nossos olhos, não foi aspirado, não recebeu nitrato de prata, não tomou banho
imediatamente e muito menos soube o que é um berçário, passou a noite toda
conosco. Não posso deixar de relatar que infelizmente no dia seguinte ao nascimento
ele foi diagnosticado com uma pneumonia neonatal, e com isso nossa estadia no
hospital se prolongou mais do que o esperado. Ainda assim, em nenhum momento
cheguei perto de me arrepender da minha escolha, e não deixaria de viver nenhum
segundo daquele que passei esperando ele chegar, sabendo que cada contração o trazia
mais perto dos meus braços.
Hoje tenho certeza que
toda essa experiência me transformou em uma mulher mais forte e determinada,
que sabe o que quer, e que mesmo com as adversidades não abre mão daquilo que é
o melhor e mais seguro para a minha família.
E por fim, toda essa
experiência incrível não seria possível sem a presença e principalmente, sem o
apoio das pessoas tão especiais que tive ao meu lado:
LUCAS:
Meu marido, amigo, parceiro, companheiro e amante. Que pariu comigo nosso
filho, sentiu cada contração (às vezes na própria pele, através dos meus
apertões). E teve toda sensibilidade de perceber o quanto esse processo era
importante pra mim, e que aquele era o momento mais especial de nossas vidas!!!
EU TE AMO CADA DIA MAIS E MAIS...
CRIS:
Agradeço imensamente por termos nos conhecido nas incríveis reuniões do Espaço
Semente. Hoje tenho certeza que a empatia imediata que senti por você era com
certeza o Arthur te escolhendo para estar com a gente quanto ele chegasse...
Muito obrigada por toda paciência, carinho, compreensão e cuidado. E como você
mesma disse agora perdi a doula e ganhei uma amiga para estar sempre por perto
e acompanhar o(s) próximo(s) partos...
MARIANA: Mari
muito obrigada por todo carinho, paciência, companheirismo, sensibilidade e
respeito. Tinha certeza de que o resultado de toda essa ternura que você traz
no olhar, resultaria nestas fotos incríveis (meu muito obrigada também a Leila
que contribuiu muito com este resultado...). E assim como a Cris sei que este
momento que vivemos nos transformou em amigas (ainda que eu não abra mão da
fotógrafa para registrar os grandes momentos).
JULIANA: Muito
Obrigada Ju, que com sua tranquilidade, segurança e profissionalismo me deram a
certeza de que aquele dia só poderia terminar com final feliz.
DR. ROGÉRIO E DRA.
PATRÍCIA: Pela paciência, profissionalismo e principalmente a
sensibilidade de respeitarem o momento mais importante na vida de um casal. Meu
mais sincero agradecimento. Continuem com esse entusiasmo pelo processo do
nascimento e com o brilho nos olhos que os diferenciam de seus colegas que
optaram por trabalharem em uma especialidade médica tão especial.
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