quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Parto da Juliana

Relato de Parto – Pedro Henrique 02/09/2008




Não sei se começo agradecendo ou descrevendo a sensação incrível que tive.

Mesmo meu parto terminando em uma cesárea, foi completamente diferente da minha primeira cesárea.

Em 15 de julho de 2003, fui internada para cesárea da minha primeira filha, Maria Fernanda, tinha 25 anos, muito medo e muitas dúvidas em relação ao parto, fui induzida à cesárea, pois todos a minha volta diziam que eu não conseguiria, que era muito sensível a dor, que não tinha idéia do que iria sentir, e principalmente meu obstetra, ótimo cesarista.

No começo de 2007, decidimos engravidar novamente, passaram alguns meses e nada, a ansiedade, medo e frustrações aconteciam a cada mês.

Por fim, em outubro de 2007, meu ginecologista disse que minhas taxas hormonais estavam muito baixa, que teria que induzir a produção de óvulo e que antes de 6 meses não engravidaria, pois a obesidade estava atrapalhando.

Em janeiro, férias, praia, muito sol, batidinhas, minha menstruação atrasada mais de 20 dias, fluxos alongados? O que estava acontecendo? Fiz um teste de farmácia: positivo. Não contente, fiz outro: positivo. Não queria me enganar dessa vez. Então procurei um laboratório e fiz um exame de sangue, positivo.

Cheguei em Bauru, mas ainda estava desconfiada, fui ao GO, ele pediu alguns exames e uma US, consegui pra aquele dia mesmo.

Confirmei, tinha um bebezinho em ventre, a felicidade me tomou por inteira.

Passaram alguns meses, já estava sendo doulada pela Cristiane, minha prima, cumadre e amiga. Dessa vez queria mais do que tudo um parto, nada nem ninguém me diria que não conseguiria, assisti a muita coisa, li também, muitas conversas, afinal experimentaria essa sensação pela primeira vez.

Na 24ª semana, fui a consulta do pré-natal, disse a meu GO que meu parto seria normal e que gostaria de esperar até o prazo máximo, 40 ou 41 semanas, ele começou com uma conversa, que não sabia, que era muito cedo pra dizer alguma coisa, mas que não esperaria 41 semana, pois ele ficaria sem dormir na última semana, posso com isso?

Foi quando a Cris lembrou que aqui em Bauru tinha uma doula, me passou os telefones da Andréia.

Liguei pra ela e me senti muito a vontade, perguntei se ela conhecia algum GO adepto do parto normal, sendo VBAC, ela disse-me que havia uma GO que ela estava trabalhando em conjunto.

Fui à clínica onde a Andréia atende, a empatia aconteceu no primeiro instante. Conversamos muito, marquei uma consulta com a ginecologista, a Andréia já tinha explicado meu caso à ela. Levei meus exames, conversamos, quando veio uma bomba, sua curva glicêmica deu alterada, suspeita de diabetes gestacional, me encaminhou pro endócrino. Constatada: diabetes gestacional desde o 4º mês, como não foi notado antes, mil dúvidas apareceram, minha gestação deixava de ser baixo risco e passava ser de alto risco. Comecei a tomar insulina, dieta alimentar, e exercícios de fisioterapia e drenagem linfática com a Andréia.

Emagreci 4 Kg, que ganhei em dois meses, aliás os únicos 4 Kg em 6 meses de gestação, os meses foram passando, minha intimidade com a Andréia aumentando, o Pedro Henrique, engordando somente o necessário.

No final de julho começamos um curso para gestantes com a Andréia, foi então que o Othon disse que assistiria o parto, mesmo se fosse parto normal.

25 de agosto: Fui ao consultório da ginecologista, uma polpa com 1 cm. Bom sinal, o quadro era seu parto será normal, sem nenhum problema. A ginecologista, jamais me desanimou ou disse que não seria possível, mesmo no meu caso, se a diabetes estivesse controlada, não teria problemas.

A Andréia acompanhando de perto e a Cris se preparando pra vir à Bauru.

30 de agosto: Muita umidade, achei que fosse bolsa rota, fui a maternidade, mas o alarme foi falso.

01 de setembro, uma ligação do consultório da ginecologista, ela queria me ver, mas porque? Tudo estava bem, aí veio a notícia: Vamos induzir seu parto amanhã, a taxa de mortalidade fetal em diabéticas é muito alta, não vamos correr esse risco, geralmente as pacientes chegam até a 37ª semana, você está na 39º estamos no limite.

Fui pra casa, liguei pra Andréia, depois pra Cris, tentei dormir, passei a noite, mais acordada do que dormindo.

2 de setembro de 2008, o grande dia. Chegamos a maternidade as 8h00, o processo para internação foi demorado, a minha gineco estava de plantão.

Fui pro quarto, troquei de roupa a indução começou ao meio-dia, primeiro um óvulo para amolecer o colo do útero. A Cris chegou, meu marido estava comigo também, uma hora depois as contrações começaram, fui pro chuveiro, a cada contração forte, vinham duas leves, com muito tempo pra respirar, estava evoluindo, sem ocitocina, fui examinada 2 cm, foi colocada a ocitocina, ainda dava pra respirar, estava muito concentrada, respirando muito, de repente, comecei a me descontrolar, nesse momento de transição não conseguia respirar, estava desatenta, foi quando a Cris me disse, foco na respiração, então me liguei. Já estava com 7 cm de dilatação, então fui pra sala do pré-parto. Agora era vez da Andréia cuidar de mim, e foi isso que ela fez. Não me deixou um minuto sozinha, pediu pra eu caminhar, fomos pro chuveiro, já estava com dilatação total, mas o Pedro Henrique não queria descer, A Andréia continuava me fazendo ficar ativa, segurou em minhas mãos, conversou com o Pedro Henrique, rebolei na bola. Toda vez que subia pra mesa, me pediam pra fazer força, eu escutava, muito bem

É isso mesmo, mas ele não quer descer. Força!!! Isso mesmo, força, manobra, mas ele não queria descer. A minha gineco disse que iria esperar mais um pouco, eu estava exausta, não queria ficar sozinha, a Andréia pediu pra chamar a Cris, pois não queriam que duas doulas ficassem no pré-parto. Quando a Cris entrou estava sentada na bola, só me lembro de dizer, não dá mais, rezamos, então a Cris me disse, vamos pro chuveiro, lá fomos nós, fiquei sentada no vaso sanitário, vinha contração e vontade de empurrar. Mas estava muito cansada, então mais uma vez sentada na bola, disse que não dava mais, queria que a Dra. me examinasse e se nada tivesse acontecido queria uma cesárea.

E foi o que aconteceu, ela me examinou e nada tinha acontecido.

Fomos pro centro cirúrgico, já me sentia uma outra mulher, quando entrei no centro cirúrgico, não estava com medo, e sábia que tudo que tinha que ter sido feito, eu tinha feito. O anestesista veio aplicar a anestesia, com muita calma as contrações foram acabando, pois estava ainda com soro e ocitocina.

A Andréia continuava ali comigo, dentro da sala do centro cirúrgico, foi buscar o Othon para assistir o parto, mas com ela lá me sentia muito segura.

Assim aconteceu, Pedro Henrique nasceu as 19h45, a pediatra, limpou-o e o trouxe para vê-lo. Estava acordada e a emoção foi a mais forte da minha vida, aqueles olhos abertos, parece que me procuravam, levaram para fazer alguns exames e que me trariam para mamar na sala de recuperação, mais uma vez, a Andréia estava atenta, me trouxe o Pedro Henrique na sala de recuperação, ele mamou, foi uma experiência nova, e maravilhosa.

Dessa experiência sinto que tive um parto normal, que saiu por outro lugar, explicações, realmente o Pedro Henrique não encaixou de forma correta e estava com a cabeça virada pra cima? Minha bolsa foi rompida antes do tempo? Era possível uma manobra? Não sei, mas meu corpo é outro minha auto-estima maior ainda, pois tive a certeza que passar pela experiência do trabalho de parto e saber que era possível, mesmo com este final.

Meu leite desceu, tenho que me lembrar que tenho o corte da cesárea, pois estou muito bem... Feliz.

Só tenho que agradecer a Cris, a Andréia, que me doularam de forma maravilhosa, e me mostraram como eu era forte.

Me fizeram sentir que eu tenho um poder imensurável.



Muito obrigada.



Com muito amor.



Ju

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