terça-feira, 10 de agosto de 2010

"Vou tentar o parto normal"


 Vou tentar o parto normal, ou você vai tentar o normal? São expressões que escuto todas as vezes em que entro em contato com uma mulher grávida. Então vem a resposta a seguir: "nossa, você é corajosa!", ou "você é louca"... e outras expressões pouco encorajadoras. Como doula, tenho recebido mulheres que buscam apenas um parto normal, um parto hospitalar, com direito a ocitocina sintética, ruptura artificial da bolsa, posição litotônica, episiotomia, até mesmo manobra de kristeller. Enfim, um parto "normal" em nossos hospitais. Um parto Franknstein para nós que buscamos humanizar. E sabe o que acontece com quase todas essas mulheres? Acabam não tendo nem esse parto, mas uma cesárea. As outras, uma pequena porcentagem, descobrem que tudo pode ser diferente e partem para um parto domiciliar. Até quando será assim? Posso começar com uma doulanda, cujo médico que a atendia disse que o líquido tinha diminuído e tinha que fazer cesárea de emergência na próxima semana, ou outra, que viveu o terrorismo de ouvir o médico dizer que se "tentasse" ter um parto normal após cesárea, teria uma ruptura de útero. Ainda tem mais uma, que a cada consulta ouve o médico aterrorizá-la com tamanho do bebê, circular de cordão, e outros absurdos. Algumas são sortudas, e tiveram muitas informações, estão bem acompanhadas e podem bancar esse terrorismo, mas e as outras? Sempre que uma gestante vem ao meu encontro, eu penso: vou tentar te ajudar. Mas elas precisam se empoderar, se infomar, ir à luta, questionar seus obstetras. Nosso trabalho é ser apoio físico e emocional, o trabalho de cada mulher, é acreditar que é capaz de parir sua cria.

2 comentários:

Liu Paim disse...

temos que trocar o TENTAR por QUERER.aí a coisa vai começar a andar!

Carol Balan disse...

"Nosso trabalho é ser apoio físico e emocional, o trabalho de cada mulher, é acreditar que é capaz de parir sua cria."

Essa frase foi simplesmene incrível, fala tudo!