terça-feira, 8 de novembro de 2011

Simplicidade é tudo

Luiza Paim

Há algum tempo tenho estado envolvida em assuntos de humanização do nascimento. Desde então tive momentos de euforia, militância, decepções, frustrações, raiva e, por fim, cheguei a uma conclusão simples: o parto normal, hoje, se constrói com inteligência, força de vontade e simplicidade.

Quando tive meu parto domiciliar, perfeito, pensei que todas as mulheres pudessem passar por isso porque foi fácil chegar ao meu objetivo. Depois fui observando que nem todas bancam o parto domiciliar, e se dependem de um médico (pelo menos da cidade onde estou morando), têm que brigar muito e muitas vezes em vão: é cesárea certa. Cheguei a desistir de trabalhar na área por achar que se não tem médico humanizado, não teremos o parto nunca. Mas no final, consigo deixar uma sugestão para as grávidas que querem parir mas estão sem apoio.

Primeiramente, assuma a responsabilidade pela gravidez.
- Cuide-se. Do corpo, da mente... conheça-te a ti mesma, aprenda a controlar suas emoções.
- Informe-se sobre a gestação. Sabendo o que é mito e o que é verdade, dá pra ter uma conversa franca com seu obstetra sem o risco de ser enganada.
- Fale sobre o desejo do parto e mais: fale como estão se preparando para ele. Às vezes, só dizer que "quer o normal" não basta. Mostre que você não vai "dar trabalho", que sabe aonde quer chegar.
- Planeje a hora P. Se o principal senão do parto normal é o tempo que o médico gasta com a mulher, ajude-o a não perder tempo com você (afinal, a maioria dos profissionais quer executar seu trabalho no menor tempo e ganhando mais). Dessa forma, contrate uma doula (não é tão caro e supérfluo como se pensa). Quando entrar em trabalho de parto, fique em casa com sua doula, sendo amparada, deixando os hormônios trabalharem em você e no bebê. Quando chegar na maternidade (ou no hospital), se estiver tudo combinado com seu médico, ele só terá que amparar seu filho.

Claro que isso não é um parto humanizado. Mas acho que se simplificarmos a vida do médico, quem sabe ele não anima a atender partos em vez de marcar horário para cortar barrigas?


2 comentários:

Cristiane Tarcinalli Moretto Raquieli disse...

Lú, é exato o que você falou. Como é difícil entender que devemos assumir o nosso parto, e consequentemente a criação dos nossos filhos. Não podemos terceirizar nada, ou vamos acabar recebendo um serviço de qualidade duvidosa. Beijos

Isabela disse...

É meninas temos que admitir que se hoje os médicos fazem o que querem com o parto é porque nós mulheres abrimos esse espaço pra eles, primeiro colocando eles como responsáveis pelo nosso parto, segundo nos omitindo, aceitando tudo.
Como que as chamadas mulheres independentes, mulheres do seculo 21, que querem ser as chefes de familia, ocupar lugares que somente homens ocupavam, como que essas mesmas mulheres não conseguem SIMPLISMENTE parir, não conseguem ser simplismente mulher do jeito mais feminino que Deus criou, parir sua cria, amamentar seu filhote, lamber e ensinar ele a viver ..como uma vaca, uma cachorra, uma gata, ou qualquer outra femea da natureza faz. As femeas humanas estão abrindo mão de ser femeas, estão passando a vez...desculpa o desabafo. Estou cansada de ser criticada por mulheres por ter tido meu filho em casa...