quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Violência contra mulher parindo (ou não deixar parir) NÃO



Dia 25 de novembro é o Dia Internacional da Violência contra a Mulher. E como contamos neste post, a violência obstétrica é atroz contra nós, mulheres.
No post que publicamos ontem a Ana Carolina Frazon do Blog Parto no Brasil levantou um ponto fundamental: “O que penso é que precisamos de mecanismos para transformar em “delitos” os atos de violência obstétrica: criminalização da violência institucional mesmo.A partir de articulação com o Ministério Público, talvez, que é quem deveria zela pela nossa integridade, neste momento. Acredito que no país, assim como acontecia há alguns anos com as mulheres que vivam situação de violência doméstica ou familiar, há uma certa permissividade social com as facadas que as mulheres levam de médicos e EOs durante o parto, além dos maus-tratos, negligência e abusos verbais. A Venezuela conseguiu incluir a violência contra as mulheres dentro das maternidade no rol das atitudes criminosas. Poderia ser um bom modelo a seguirmos”.
Não há momento de maior força e fragilidade na vida de uma mulher do que o momento de dar a luz. Diante de uma mulher em trabalho de parto as reações são infinitas: vontade de ajudar, medo, desejo de intervir, incomodo.
Por que uma mulher em trabalho de parto desperta tantos sentimentos contraditórios? De certa forma nos vemos refletidos naquela cena. Somos a mãe que não pariu, o bebê que não nasceu.
Mulheres e crianças até pouco tempo têm seus direitos garantidos pela constituição e assim mesmo no inconsciente coletivo estamos muitos aquém dos homens.
Nos fortalecemos e fomos reconhecidas em nossas aptidões que se assemelham aos homens. Mulheres de negócios, cheias de sucesso são símbolo de máxima feminina. Mas quando estamos em nossas funções biológicas somos renegadas e violentadas.
Em todo o mundo o numero de mulheres estupradas ainda é absurdo e imbecis acreditam que uma mulher com roupas provocantes dá o direito da violação de seu corpo.
Uma mulher em trabalho de parto é uma mulher em sua máxima função biológica. Seu neocortex, tão admirado pela sociedade, precisa se desligar para que ela possa parir. E diante de uma mulher nestas condições, incitando o imaginário da sexualidade humana, a violência corre a torto e a direita.
É o momento em que a força masculina, o poder se sobrepõe aos aspectos femininos. A mulher é violentada quando tira sua roupa e veste uma camisola da instituição. É violentada quando entra sozinha em trabalho de parto (ou sem estar) para ter seus pelos raspados e seu intestino lavado impedindo que ela segure as fezes amolecidas.
A vagina sem pelos faz com que o parto seja infantilizado. A mulher é submissa na posição que assume diante da equipe que faz seu parto. Uma tesoura entra em sua vagina e seu períneo é cortado em uma pratica medieval e quase sempre desnecessária.
Sem contar com a violência verbal, o abandono emocional a que são submetidas.
E para fugir de tudo isso a alternativa é seguir para a maternidade, sem estar em trabalho de parto, para  ter o ventre cortado em extrema violência contra o tempo da nova vida. E toda a violência obstétrica também acomete as mulheres que optam por este meio cirúrgico de trazer a vida ao planeta.
Está na hora de processarmos médicos e enfermeiros que nos desrespeitam. Está na hora de solicitar os prontuários de atendimento e fazer das cesáreas eletivas processos contra os médicos. Afinal trata-se de um erro médico uma cesárea mal indicada.
Enquanto nos calarmos diante da violência que nos reduzem a mãezinhas seremos violentadas no início da vida e em muitos momentos dela. Michel Odent disse que para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer. Para revolucionar tem que começar de algum lugar e cabe a cada um de nós dar o primeiro passo.
E você vem com a gente na blogagem coletiva contra a Violencia contra a Mulher? Amanhã lançaremos o selinho para você colocar no seu blog. Mas já deixe o link do seu texto aqui neste post para que no final possamos linkar todos os blogs que participarem. Vamos nos unir contra essa violência contra a mulher?

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