quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Relato do nascimento de Rodrigo, filho de Clariana e Guilherme


Ser mãe sempre foi o meu maior sonho e, com a chegada dos meus sobrinhos Renan e Ana Clara, esse desejo se aflorou ainda mais!

Então, vocês podem imaginar a minha alegria quando me descobri grávida. Foi pura emoção, era amor transbordando.

Com a chegada da gravidez mudei muito, amadureci certas idéias e fui desmistificando várias coisas, entre elas o medo que eu tinha do PARTO.

Sempre fui uma cesarista nata, daquelas que morriam de medo de parto normal e por isso acreditava que a cesária (mesmo que desnecessária) fosse a grande salvação. Como sempre tinha ouvido histórias mirabolantes sobre o parto normal acreditava que eu, tão insegura e medrosa, jamais conseguiria.

Só que aí veio a minha gravidez, era minha, no meu corpo, era o meu filho...o nosso Rodrigo e eu queria dar a ele o melhor de mim, o melhor da vida e isso também incluía a maneira como ele seria recebido quando chegasse a esse mundo. Eu desejava que fosse da melhor forma possível, sem sofrimento, sem desrespeito, apenas amor! E a partir daí, uma cesária desnecessária, começou a me parecer uma processo frio e muitas vezes até violento mas, a insegurança e o medo ainda me acompanhavam.

Foi nesse momento que decidi procurar o máximo de informação sobre os tipos de parto. Lí e pesquisei muito e em uma dessas pesquisas acabei encontrando o grupo “Nascer Naturalmente” que apoiava o parto humanizado.

Descobri que uma das pessoas à frente do grupo era a Cris, muito amiga da minha tia Hilda, o que facilitou muito as coisas.

Liguei para a Cris e logo fui convidada para participar do grupo.

Meu marido Guilherme, um grande incentivador do parto normal, participou comigo de todos os encontros. Foram sábados e sábados de lindas histórias de parto, que foram me encantando, me conscientizando e me tornando cada vez mais segura e decidida. SIM...eu queria parir meu filho da maneira mais natural possível.

E a partir daí, foi entrega total.

Decidi que teria meu filho na Casa de Saúde em São Carlos, por se tratar de uma instituição que oferece as condições necessárias para a realização do tipo de parto que eu desejava e escolhi a Cris como nossa Doula.


 Continuei freqüentando o grupo, fiz atividade física e pratiquei Yoga a gestação toda...Aliás devo ao Yoga e à minha querida professora Luiza toda minha entrega e concentração durante o trabalho de parto.

Minha gestação toda foi relativamente muito tranqüila, tirando umas enxaquecas chatas que tive nos primeiros meses. Eu aproveitei muito, até o último dia, último dia mesmo!

No dia 29 de dezembro, dia em que eu estava completando 40 semanas, acordei com pique total. Fui para o clube e passei o dia curtindo um churrasco com meus familiares, caminhei, nadei e comi pra caramba (rs!).

A noite, já em casa, lembro de ter tido uma vontade enorme de comer mingau de chocolate, estava um calor de rachar mas, eu queria mesmo o mingau. Pedi para o meu cunhado Marcelo que mora pertinho me emprestar um pouco de chocolate em pó, pois, o de casa havia acabado. Ele como sempre, foi prestativo e em poucos minutos chegou em casa com o chocolate.

Fiz e comi uma PANELA inteira de mingau. Depois cochilei no sofá ao lado do Gui.

Acordei sendo surpreendida pela minha 1° contração.

Olhei no relógio e era meia noite.

Eu e o Gui ficamos muito felizes, o Rodrigo estava a caminho e nossa ansiedade aflorou!!!

Começamos a cronometrar as contrações que estavam bem regulares mas, ainda muito espaçadas, cerca de 20 minutos de intervalo entre uma e outra.

E assim foi a noite toda. Na manhã seguinte (30/12), as contrações começaram a diminuir e já aconteciam de 15 em 15 minutos. Eu estava muito tranqüila. Dei uma ajeitada na casa, acertei os últimos detalhes das malas da maternidade e saí para almoçar com o Gui. Durante o almoço as contrações começaram a acontecer de 10 em 10 minutos mas, ainda eram bastante suportáveis. Na volta do almoço o Gui sugeriu que caminhássemos um pouco, pois isso ajudaria o trabalho de parto. Fomos até uma praça e caminhamos cerca de 30 minutos mas, me cansei rapidamente e quis voltar para casa.

Por volta das quatro horas da tarde, minhas contrações estavam com um intervalo de 6 minutos entre uma e outra e cada vez ficavam mais doloridas, então resolvemos ligar para Cris. Ela me orientou a tomar um banho e descansar e disse que logo iria para minha casa.

A Cris chegou em casa por volta das cinco horas da tarde e trouxe com ela uma bolsa de água quente que foi uma delícia...o quentinho aliava as dores e tornava o processo das contrações menos árduo.

Por volta das seis horas da tarde, minhas contrações já estavam com um intervalo de 3 minutos entre uma e outra e eu estava com um pequeno sangramento, o que indicava que o colo estava se esvaindo e que eu já estava em processo de dilatação. Nesse momento a Cris disse que assim que eu estivesse pronta poderíamos ir para São Carlos.

Preferi tomar um banho longo antes e, às sete horas da noite pegamos a estrada. Caía uma chuva fina e um ventinho gelado batia no meu rosto me recuperando as forças. Fui segurando a mão da Cris o tempo todo.

Ao chegarmos na maternidade fui direto para a sala de triagem e quem veio nos receber foi a Mariana, enfermeira de plantão no dia. Ela fez o primeiro toque e verificou que eu já estava com 6cm de dilatação. Lembro de ter olhado para a Cris e para o Gui e dito: Ufa! Meio caminho andado!!!

Por volta das dez horas da noite o médico chegou e fez um novo toque e eu estava com 8cm. Nesse período eu passava a maior parte do tempo no chuveiro pois, a água quente me aliviava as dores e me deixava mais confortável.

A cada contração o Gui me abraçava forte e me dizia: “menos uma amor, o Rodrigo está chegando e eu estou orgulhoso de você”. Ele me olhava nos olhos e essa troca de olhares era como um energético para mim...me dava muita força.

Quando as contrações começaram a ficar quase insuportáveis, a Cris sugeriu que eu entrasse na piscina. Lembro da sensação de alívio ao entrar naquela água quentinha...ainda brinquei dizendo que aquela água era milagrosa!!!



Daí para frente não tenho mais noção exata do tempo. Não sei que horas eram mas, ouvi a Cris sugerindo que o Gui entrasse na piscina comigo. Ele tinha esquecido a sunga, então entrou de bermuda mesmo.

Ele ficou atrás de mim, me apoiando e segurando minhas mãos durante as contrações. Era o nosso momento, era o nosso Filho que estava a caminho...Fiquei muito emocionada nessa hora.

E como se já não bastasse tamanha emoção, ouvi tocar ao fundo uma música que me chamou a atenção...a melodia era tão familiar...era a música do meu nome “Clareana” da cantora Joyce. Por coincidência essa música estava no CD que a Cris levou para tocar durante o parto. Nessa hora senti uma energia muito forte tomar conta de mim.

Acho que esse foi o último momento de consciência plena que tive...depois disso, me lembro do meu parto em pequenos flashes.

Lembro que comecei a sentir uma vontade enorme de fazer força e pensei: “Estou no expulsivo!!”. As contrações se tornaram ainda mais intensas e apenas as mãos do Gui já não bastavam, então eu revezava entre as mãos dele, da Cris e da Mariana. Como essas mãos fizeram a diferença...

Em algum momento do expulsivo me lembro de chamar pela Cris várias vezes (váááááárias), mesmo ela estando bem na minha frente (rs).

A essa altura eu já vocalizava alto e pedia desculpas por estar fazendo tanto barulho.

Chamei pela Cris de novo e disse pra ela que talvez não fosse conseguir...sentia um cansaço enorme! Mas, ela agachou pertinho de mim, segurou firme nas minhas mãos, me olhou nos olhos e disse: “Você já conseguiu! Se toque e sinta!

Eu coloquei as mãos entre as minhas pernas e senti a cabeça do meu filho. Quanta emoção!!

Na contração seguinte senti o famoso círculo de fogo e a cabeça saiu.

Ouvi meu marido dizendo: “Ele está chegando. Ele está aqui!” E em poucos minutos o Rodrigo nasceu!! Ao som da canção “Sabemos Parir” de Rosa Zaragoza, eram 01:05 da manhã do dia 31/12/13.

Ele chegou quentinho, sujinho de vérnix, pesando 3055kg e me fitou, olhos nos olhos...permanecemos assim, enamorados por vários minutos...foi o momento mais sublime da minha vida! Eu não sentia mais medo, nem insegurança, apenas felicidade e amor!

Alí estava minha família, Eu, Gui e Rodrigo.

Eu tinha conseguido o que desejava, parir meu filho da maneira mais natural e respeitosa possível para ele e para mim.

E parir um filho é sem dúvida a experiência humana mais divina que existe! O divino realmente estava presente...e eu pude sentir!!!!

“Siente queel momento llega. Siente tus huesos son fuertes. Siente estamosa yudando. Lo divino está contigo. Siente el niño está em la puerta. Vivirá para abrazarte. Siente estás em buenas manos yeres parte de la tierra. Tienes lo que necesitas, madre de todos nosotros”.(Sabemos Parir – Rosa Zaragosa).






Agradecimentos:

Ao meu amado marido Guilherme por, literalmente ter parido junto comigo. Você foi minha grande fonte de força e de amor. Obrigada por ser além de marido, meu melhor amigo.

A minha querida Doula Cris, por me fazer acreditar que eu seria capaz e por me trazer segurança e tranqüilidade nas horas difíceis.

A enfermeira Mariana por, realmente fazer valer a expressão “Atendimento Humanizado”.

E em especial, ao meu amado filho Rodrigo, por ter me escolhido como mãe e por me permitir experimentar a cada sorriso seu, o céu na terra!

4 comentários:

Mariana disse...

Clariana,
Me emociono quando lembro do seu parto!! :) Foi para fechar o ano com chave de ouro!!!
Lembra da piadinha? O Rodrigo quer nascer no ano de 2013, não queria ser aparecido e ser o primeiro a nascer em 2014! hehe

Muita saúde e felicidade para vc, o Gui e o Rodrigo!!

Beijo grande para vcs!

Unknown disse...

Clari!!! que depoimento lindo!! Emocionante!! já chorei litros aqui e pareci ter vivido a chegada do seu Rodrigo misturada à alegria da chegada da minha Helena!!! Que Deus abençôe essa sua família tão linda!!! e em breve iremos visitá-los viu!!! bjossss e mais uma vez parabéns!

Anônimo disse...

Ola, tudo bem? Não nos conhecemos, nem sei se vc é conhecida da Fernanda Speretta com quem me formei e de onde tirei o seu blog.
Meu filho nasceu em Londres onde este atendimento humanizado é a forma que o parto ocorre em 99% dos casos sem custo nenhum. Meu parto foi quase igual ao seu só foi bem mais curto e não foi na água por falta de tempo rs.
Quando cheguei ao Brasil e fui fazer o plano para o meu filho na entrevista o médico ia anotando cesária como forma de nascimento, eu o corrigi e ele surpreso me perguntou QUEM FEZ O SEU PARTO? Quando disse que havia sido em Londres ele me repondeu: AH BOM! PQ AQUI O PARTO NORMAL É CESÁRIA.
Hj morro de medo do meu próximo parto aqui. Me emocionei com seu relato e gostaria de saber quem fez o seu parto? Vc poderia me passar o contato? Foi particular? Meu e-mail é michaellezr@yahoo.com.br.
Obrigada desde já e parabéns pela sua coragem!
abraço
Michaelle Zabaglia Romera

Sandra Cervi Ropelato disse...

Oi Clari... Adorei o depoimento e o parto... rsrs... quero assim também.. você sabe que sou super a favor do parto normal, embora também tenha medo.. mas você me deu força para ser assim... Se Deus quiser este ano fico grávida e depois de nove meses, meu bebê vira naturalmente... beijos e Fiquem com Deus, você o Guilherme e o pequenino Rodrigo, que vou conhecer esta semana sem falta...