A chegada de um bebê, é um momento intenso e cheio emoções e significados.
É muito lindo ver o vínculo que se estabelece quando mãe e filho se encontram,
olho no olho, pela primeira vez. Mas, algumas vezes, isso não é possível. A
minha homenagem nesse dia das mães, é para todas aquelas mães que não puderam
tocar, acalentar e amamentar os seus filhos logo que nasceram. Não ouso tentar
imaginar o que elas sentiram, ao invés disso, deixo que elas falem da
experiência de ser uma mãe de UTI. Parabéns a vocês que tiveram uma experiência
muito mais difícil e desafiadora do que parir. Meu respeito e admiração a todas
as mães que precisaram de esperar bem mais do que uma gestação, para levarem
seus bebês para casa.
Maria Cristina e Cauê.
Acabei de
ler uma reportagem, que contava a história de uma mãe que, após oito anos
tentando, conseguiu engravidar e ter seu filho. Contudo, o filho chegou
prematuramente e precisou dos cuidados da UTI Neo. A mãe diz assim “eu queria
pegar, cuidar, amamentar, mas toda hora alguém vinha interferir. É muito ruim.
Não desejo isso para ninguém”.
É
exatamente isso.
Antes de
o Cauê nascer, a palavra UTI remetia à ideia de cuidados médicos que evitassem
a morte. Depois dele, eu passei a entender que UTI também tem o objetivo de
cuidados para possibilitar a vida. É paradoxo. Além disso, o mesmo local em que
se cuida da criança é o local que te afasta dela.
Embora eu
já tenha contado o nascimento do Cauê várias vezes, quase sempre da mesma
forma, eu nunca parei para pensar muito no que eu sentia enquanto ele estava
lá, na UTI. Eu só me sentia um saco de presente vazio, essa é a primeira lembrança.
É estranha essa comparação, mas saber que eu tinha carregado ele aquele tempo
todo, que ele foi tirado subitamente, afastado de mim e, sozinho, não conseguiu
suportar com os cuidados comuns, muitos tão desnecessários, precisando que tais
cuidados fossem ainda mais intensivos, ficando ainda mais afastado de mim, do
pai, acaba tirando a cor desse evento todo. Os dias dele na UTI são cinza em
minha memória até hoje. A sensação era de que eu era mãe somente enquanto
estava ali dentro, naqueles parcos e monitorados minutos. Saindo dali eu era
avulsa, vazia, sem razão de existir. E, ao mesmo tempo, eu tinha que me manter
viva e lúcida para poder recepcioná-lo quando ele saísse daquilo tudo.
Ainda que
para muitas pessoas, seis dias, cinco na UTI, pareça pouco, para mim foi uma
eternidade. Minha vida foi totalmente dividida, reavaliada, modificada por esse
pouco tempo. Afetou todas as minhas relações, até mesmo religiosa, aquele
período que parece tão curto. Muitas das atitudes dele hoje, para mim, intuitivamente,
foram formadas naquela época. Justamente por isso, por algum tempo eu evitei
pensar no que ele sentiu ali, cuidado, monitorado e sozinho. E só consegui ter
noção quando peguei o prontuário dele e li que, à noite, ele chorava
copiosamente, sem ninguém para acalentá-lo, para pegar no colo e, por isso, era
colocado de barriga para baixo, para conseguir algum aconchego. Como ler isso
e, até hoje, impedir que as lágrimas corram?
O meu
medo era de que ele não me reconhecesse, não soubesse meu cheiro, meu toque,
minha voz. Ele foi tão desejado, planejado, aguardado por mim que a remota
possibilidade de não ser reconhecida por ele era um medo assombroso e
devastador. Esse medo só foi embora no momento em que ele reconheceu a minha
voz, um dia depois de ter sido colocado no meu peito para tentar mamar.
Ainda é
difícil lidar com isso...mesmo após quase cinco anos, pensar nisso tudo dói.
Maria
Cristina
Isabel e
Nicole
Estava na praia, curtindo o
réveillon em família e comecei a sentir dor de cabeça. Uma dor que não passava,
apenas amenizava com remédio para dor. Sou hipertensa e estava tomando o
remédio direitinho, então achava que a tal dor de cabeça tinha a ver com uma
noite mal dormida, um torcicolo. Não quis ir ao hospital, pois o sistema de
saúde lá na praia é extremamente precário. Tinha muito medo de ser internada e ficar
por lá. Então, resolvemos voltar para nossa cidade natal e ir ao hospital. Eu
acabava de completar 33 semanas de gestação, ainda tinha um “bom” tempo até a
data provável do parto.Tinha certeza que a médica me receitaria uma dose maior
do remédio da pressão, me passaria um remédio para a dor e seria liberada, mas
Deus não quis assim.
A médica disse que eu já
estava tomando a quantidade máxima permitida do remédio da pressão, que seria
necessário pedir alguns exames (sangue, urina e cardiotocografia) para tentar
descobrir de onde vinha essa dor de cabeça, já que tínhamos duas hipóteses: a
hipertensão e o torcicolo. O sangue e a urina foram colhidos devidamente e eu
aguardava para fazer o exame de cardiotocografia. Durante esse exame, o
aparelho monitora os batimentos cardíacos do bebê e nós devemos apertar um
botão a cada movimento, mexida, do bebê. Enquanto aguardava para fazer esse
exame, eu e meu marido conversávamos sobre diversas coisas, inclusive sobre a
possibilidade de ficar internada até a possível data provável do parto.
Resolvemos parar de criar e imaginar essas possibilidades improváveis (na
verdade ele me fez parar de falar sobre isso... rs). Fui para a sala do exame. Estava
tudo indo bem até que o aparelho começou a apitar, os batimentos cardíacos da
Nicole começaram a cair e ela não se mexia. Percebi que as enfermeiras ficaram
impacientes, agitadas e eu sem saber o que estava acontecendo, comecei a
chorar. As enfermeiras me pediram para parar de chorar e ficar calma; fizeram
alguns procedimentos para ver se a Nicole reagia e nada. Chamaram a médica. A
médica fez mais alguns procedimentos e nada da bebê reagir. A médica disse então
que teríamos que ir para o centro cirúrgico, que eu iria para uma cesárea de
urgência. Eu chorava muito, a médica disse que precisava de minha ajuda e que eu
ajudaria ficando calma. O clima estava tenso, aterrorizante. Foi difícil,
fiquei sem reação, sem saber o que fazer, mil coisas se passavam na minha
cabeça. Procurava apenas respirar e me acalmar.
Meu marido esteve comigo o
tempo todo no hospital, mas não pode acompanhar os exames e a cesárea. Ele me
acompanhou da porta da sala do exame até a porta do centro cirúrgico. Dizia-me
que estava tudo bem, eu achei loucura e pensei: “Ele não sabe o que esta acontecendo.” (depois descobri que ele não
sabia mesmo... rs). Ele tentou passar tranquilidade para que eu pudesse me
acalmar, mesmo sem saber o que de fato acontecia.
Em questão de minutos minha
filha veio ao mundo com vida, graças a Deus.
Ocorreu tudo bem com a
cesárea, mãe e filha passavam bem. Vi a minha filha com uma certa distancia,
ela chorava muito e parecia mais roxinha que o normal. A pediatra confirmou: “É uma menina mesmo!”. E disse que
precisava levar minha filha para fazer os primeiros cuidados. Lembro que
acompanhei com os olhos cada passo da pediatra, queria ver para onde ela
levaria minha filha que chorava, conversei com Deus nesse momento, pedi para que
Ele continuasse a cuidar de minha filha, já que o colo acalentador da mãe, ela
não podia ter naquele momento. Quando a pediatra passou pela porta, percebi que
minha filha havia parado de chorar, ficou um silêncio, parecia que a pediatra
tinha levado minha filha para muito longe de mim. Eu ainda estava no centro
cirúrgico quando a pediatra voltou para contar que minha filha teve uma parada
cardíaca e que precisou ser “entubada” e levada para a UTI. Hoje acredito que
foi esse o motivo do silêncio.
Algumas horas depois fui para
o quarto, sem minha filha na barriga e sem minha filha no colo, que coisa
esquisita, que vazio. Mas encontrei meu marido – o otimista... rs, foi lindo
ver a felicidade dele. Ele contou que viu a nossa Nicole e disse: “Mor, ela é linda. Branquinha e cabeluda.”.
Contou que a Nicole estava dentro de uma incubadora e estava sendo levada para
a UTI. A pediatra só falou pra ele que nossa filha precisava de cuidados
especiais. A psicóloga passou no quarto para conversar comigo e explicar a
importância da presença da mãe na UTI para a evolução do bebê, pediu para que eu
a tocasse e conversasse o máximo possível com nossa filha.
Após oito horas do nascimento
da Nicole, eu e meu marido fomos realmente conhecer e ver de perto a nossa
filha! Eu estava aflita, não sabia com o que iria me deparar, afinal não fazia
ideia do que era uma UTI.
Para entrar na UTI são
necessários alguns procedimentos básicos, lavar bem as mãos, braços, vestir uma
roupa apropriada, desligar o celular, etc. Todo protocolo feito, entramos. Lá
estávamos nós, diante daquela caixa de acrílico, nossa filha lá dentro, cheia
de fios, canos e aparelhos. Mais uma vez eu fiquei sem reação, sem saber o que
fazer, com mil coisas passando na cabeça. Que alegria ver a nossa filha, mas
que tristeza não a ter em mãos. Chorei, chorei demais. Diferente de mim, meu
marido – o otimista, sorria... rs. E quando ele descobriu que ela tinha o
furinho no queixo igual o dele, ai ele transbordou de alegria. Ficamos ali
alguns minutos babando em nossa pequena! Nicole nasceu pesando 1,830kg e com 42,5
cm. Essas eram as únicas informações que tínhamos. Era meia noite, e as
enfermeiras não podiam nos dizer nada além disso. O boletim médico, informações
sobre o desenvolvimento e evolução do bebê, era passado uma vez por dia somente
pelo médico, normalmente por volta das onze da manhã, então para saber mais
detalhes sobre nossa filha precisávamos esperar o dia seguinte.
No dia seguinte fomos visitar
a nossa filha. Recebemos novas orientações: podíamos visitar a nossa filha a
qualquer hora do dia, mas tínhamos que avisar a equipe e aguardar liberação; se
algum bebê estivesse passando por algum tipo de procedimento não poderíamos
ficar na UTI. A médica que conversou conosco não foi a mesma que pegou a Nicole
na hora do parto, mas foi uma médica muito delicada, calma e paciente, que com
o tom de voz mais suave que eu já ouvi, disse: “A Nicole foi um milagre, um anjinho te mandou para o hospital na hora
certa.”. Chorei (isso não é novidade, né). Nossa filha passou por alguns
exames e não foi encontrada nenhuma anormalidade. A nossa maior dúvida era: até
quando ela ficaria na UTI. A médica explicou que a Nicole saiu da barriga sete
semanas antes do esperado e que esse seria o prazo mínimo que ela deveria
ficar, mas que poderia ser reduzido se tudo ocorresse bem. A meta era aprender
a respirar sozinha. O dia passou, algumas pessoas foram nos visitar, mas não
conheceram a nossa Nicole. Isso era esquisito demais. Nossa filha tinha nascido
e ela não estava conosco. Normalmente quando um bebê nasce e vamos fazer a
visita no hospital, nós vemos a mãe, o pai e o bebê, mas no nosso caso, as
visitas não podiam nem chegar perto da porta da UTI.
Mais um dia se aproxima e
recebemos a notícia: mamãe teve alta do hospital. E agora, o que faríamos? Que
confusão mental, eu acabo de ter uma filha e vou embora sem minha filha no
colo. Nunca imaginei que viveria isso. Fui orientada sobre a amamentação, isso
mesmo: amamentação, eu deveria criar o hábito de ordenhar o meu leite de três
em três horas, para estimular a produção do leite. De preferência deveria fazer
a ordenha no hospital, pois assim ajudaria na evolução da milha filha, ela
receberia o meu leite e não a fórmula (leite em pó).
Fomos embora, sem nossa filha,
mas com a esperança de que em breve isso seria diferente. Não recebi nenhuma
orientação em relação à cesárea e pós-parto, foi apenas reforçada a importância
da presença dos pais na UTI. Nos primeiros dias meu marido ia comigo, eram no
mínimo três visitas por dia. Quarentena e repouso só na teoria, minha filha
precisava de mim e eu precisava estar lá. Ela se alimentava por sonda,
respirava com ajuda de aparelho e tinha seus batimentos cardíacos monitorados
durante as vinte e quatro horas do dia. Uma das visitas fazíamos sempre próximo
do horário do boletim médico para saber a evolução da nossa filha, até que num
dia atípico, desencontramos da médica e então decidimos não perguntar sobre a
evolução da Nicole por alguns dias, pois chegava a ser frustrante. Não sei se
era pra agradar ou se era por falta de novidades, mas os médicos eram sempre
otimistas, diziam que programavam retirar o tubo de oxigênio, mas na visita
seguinte sempre tinha uma notícia não muito boa. Nicole precisou tomar banho de
luz por conta de uma icquitiricia e precisou também tomar antibióticos por
conta de uma pneumonia. Passamos a visitar a Nicole sem receber o boletim médico.
Passamos a olhar a nossa filha com outros olhos, curtíamos cada movimento, cada
posição, cada soninho gostoso. Inesquecível a primeira vez que ela abriu os
olhos, ela conhecia a nossa voz. Chegávamos lá e muitas vezes ela despertava do
sono, ouvia as nossas histórias, nossas orações e voltava a dormir. Ficava com
o coração apertado quando a ouvia chorar, ainda bem que foram poucas vezes. Por
estar com o tudo de oxigênio não ouvíamos o som, somente a expressão do rosto.
Eu chorava junto, mas o papai – o otimista... rs, dizia: “Deixa ela chorar, faz bem. Abre o pulmãozinho dela.”. Sabia que se
eu pudesse pegar ela no colo, provavelmente ela se acalmaria, mas não podia.
Os cuidados que as enfermeiras
tinham com nossa filha foram de extrema importância para a evolução da Nicole.
Algumas tinham até um carinho maior. Era nítido ver a diferença com que
tratavam os bebês... normal, né... rs. Elas diziam que a Nicole não era
chorona, mas não parava quieta. Precisaram trocar o sensor dos batimentos
cardíacos algumas vezes, pois a Nicole se mexia tanto que deixavam de
funcionar. Nicole também tentava tirar o tubo de oxigênio, nós presenciamos
essa cena algumas vezes e em uma dessas vezes o médico estava junto e disse: “Se você tirar esse tudo, eu não vou colocar
de novo e você vai ter que se virar.”... rs. Foi uma forma de descontração,
sabíamos que ela ainda não estava preparada para respirar sozinha.
Papai precisou voltar para o
trabalho, para nossa casa, para a rotina. Me vi sem chão, como viveria sem meu
otimista por perto, como viveria sem minha família. Minha filha na UTI e meu
marido longe. Papai conversou muito com a Nicole. Lembro que a enfermeira
disse: “Isso mesmo, conversa bastante com
ela, porque eu quero tirar esse tubo hoje.”. Chorei muito quando o papai
foi embora, mas ele pediu para eu ser forte. Nesse dia, era quase onze da noite
e eu senti que deveria ir ao hospital, nunca tínhamos ido tão tarde assim. Fui
sozinha, foi minha primeira visita sem o papai por perto. Para minha surpresa,
uma notícia maravilhosa, Nicole estava sem o tubo de oxigênio. Chorei muito,
muito mesmo. Deus ouvia nossas orações e a Nicole ouviu o papai... rs.
Dez dias depois do nascimento
da Nicole, finalmente posso segurar minha filha no colo. Novamente, fiquei sem
reação, sem saber o que fazer, mil coisas se passavam na minha cabeça. Uma
alegria enorme tomou conta do meu coração, mas junto senti um medo, a Nicole
ainda estava com alguns fios e canos. Chorei demais, chorei de alívio, alegria
e tristeza. Queria fazer mais pela minha filha. Conversei muito com Deus e
agradeci cada detalhe, cada cuidado. Minha filha estava se saindo bem. A
guerreira estava vencendo! As visitas passaram a ser mais intensas, pois eu podia
ficar com ela no colo.
Após treze dias na UTI, uma
nova notícia. Nicole foi transferida para a UTI semi-intensiva. Lembro que
recebi a notícia na recepção do hospital e lá mesmo comecei a chorar de
felicidade. Fui chorando de lá até a semi-intensiva. Novas instruções de como
eram as visitas e procedimentos para entrar, novas enfermeiras e nova meta: aprender
a mamar e ganhar peso. Nicole ainda usava a sonda para se alimentar, mas estava
sem os aparelhos e vestiu a sua primeira roupinha. Minhas visitas passaram a
ser únicas, eu só ia embora para dormir. Fazia tudo por ela e pra ela. Começaram
as orientações práticas em relação à amamentação. Já não precisava mais pedir
permissão para pegar minha filha no colo, a cada chorinho eu podia acalmá-la
junto de mim. Papai voltou e encontrou sua filhinha fora da incubadora pela
primeira vez. Todo medo que ele tinha de segurar um recém-nascido desapareceu,
ele pegou a Nicole no colo, ele conversava com ela e ela, com os olhos bem
abertos, prestava bastante atenção. Foram apenas dois dias com papai por perto,
mas foram dois dias importantes para a evolução da nossa bebê e para dar força
para a mamãe.
Nicole com dezenove dias estava liberta de
todos os apetrechos, tiraram a sonda. Mamou em meu seio pela primeira vez. Colocar
ela no peito para mamar foi uma benção. Como todo começo, tivemos um pouco de
dificuldade, mas conversamos muito; eu, Nicole e Deus, e tudo correu bem. Nicole
aprendeu a mamar, mas não ganhava peso o suficiente. Foi necessário fazer a
relactação. Enquanto eu amamentava, precisava colocar uma sonda pelo canto da
boca com leite extra. Contar com a ajuda das enfermeiras foi fundamental, já
que não era um trabalho tão simples assim. A sucção feita no seio estimulava a
produção do meu leite e o leite extra ajudava no ganho de peso. Sabia que o fim
se aproximava e que em breve estaríamos em casa.
Após sete dias na UTI
semi-intensiva, Nicole foi transferida para o quarto, a meta agora era apenas:
ganhar peso. Passamos a primeira noite juntas, só eu e ela. Eu acordava varias
vezes na noite pra ver se ela estava bem. Na manhã seguinte, um choque: Nicole
perdeu peso. A regra do hospital era mamar de três em três horas, mas a Nicole
estava um pouco preguiçosa. A informação foi reforçada: ela precisa ganhar peso
para ir embora. Chorei um pouco, precisava ser forte para vencer. Graças a
Deus, papai voltou e nos ajudou nessa batalha. Colocávamos o relógio para
despertar e acordávamos a Nicole, fazíamos de tudo para que ela mamasse
direitinho.
Com vinte e três dias de vida,
após toda a luta vencida, todas as metas atingidas, fomos liberadas para ir
embora. Com 43 cm e pesando 2,015 kg Nicole venceu em nome de Jesus! Seremos
eternamente gratos pela equipe do hospital e UTI Neo, cada cuidado valeu a
pena. Agradeço ao meu marido, que quando perto me colocava pra cima e quando
longe conseguia fazer o mesmo. Obrigada papai pela paciência e amor dedicado.
Não foram dias fáceis, mas foram suportáveis porque contamos com a ajuda de
pessoas especiais, porque aprendemos que quando passamos por momentos difíceis
em nossas vidas, devemos apenas colocar esses momentos nas mãos de DEUS e confiar!!
Quem são:
Isabel e Regis (e todos os
familiares) são de Jacareí – SP. Estão morando em Araraquara – SP há seis anos.
No final de 2013 foram para São Sebastião – SP curtir o réveillon em família.
Nicole nasceu em Jacareí – SP
no dia 03 de janeiro de 2014. Hoje está com 1 ano e 4 meses. Isabel ainda
amamenta Nicole. Mãe e filha aproveitam todo o tempo que têm para curtir esse
prazer, já que Isabel trabalha o dia todo e a Nicole fica na escolinha.
Isabel gostaria de ter tido um
parto natural, normal. Não fazia muitos planos, apenas pensava: “minha filha vai nascer na hora dela.”.
Hoje acredita que deveria ter feito um acompanhamento melhor no pré-natal por
conta da hipertensão. Não descarta a ideia de um dia parir, mas não pensa no
segundo filho... hahaha
Regis é um pai babão. Adora
levar a filha para aventuras. Não gosta de ver a Nicole chorando, acredita que
o pulmão já está bom... hahaha
Isabel
Isabel
Gabriela e Miguel
O meu filho nasceu no dia
18.04.2015 às 7:53 horas, quando eu ainda estava com 36 semanas de gestação e
tive que fazer a cesárea, pois, por alguma razão ocorreu a diminuição de
líquido da amniótico, e como resultado o Miguel já vinha sendo prejudicado, uma
vez que além dos riscos naturais possíveis, passou a não se desenvolver a
contento, deixando de ganhar o peso necessário para àquela semana. Toda a minha
gestação transcorreu na mais absoluta tranquilidade, tendo sido realizados
todos os exames necessários de acompanhamento, cujos resultados todos,
divulgados pelo médico como normais, sem qualquer sobressalto. Enfim, fui
internada na madrugada do sábado, dia 18 de abril e na manhã, às 7:53 horas, o
Miguel nasceu. Logo que ele nasceu não pude ouvi-lo chorar, apenas um breve
resmungo, e fiquei assustada! Mas, o Mauro, meu marido, paizão, começou a falar
como ele, e dizia: Chora filhão, chora, você nasceu cara..., chora para o papai
ouvir, e, de repente ele chorou por alguns instantes! Lindo..., e então chorei
junto dele!! Na sequência a médica pediatra me disse que estava tudo bem e que
o Miguel respirava direitinho e os seus batimentos cardíacos também estavam
normais, quando o colocaram na incubadora e logo depois fui levada para o
quarto, mas antes pedi para que o Mauro não saísse do lado dele. Passados uns
30 minutos, soube que ele teve uma queda glicêmica severa, seguida de uma
parada respiratória. Meu marido acompanhou tudo de perto até o momento em que
ele foi retirado do lado do Miguel que estava com nível de saturação muito
baixo e praticamente desfalecido. Graças a Deus foi prontamente atendido,
quando foi entubado e transferido para a UTI do Hospital. Fomos tomados no
momento por absoluta angustia e desespero, como se o chão tivesse saído debaixo
dos nossos pés. Meu filho ficou internado durante 15 dias na UTI, ligado a
aparelho que o ajudava respirar e tomando antibiótico para cuidar de uma
infecção que aduziram ter sido adquirida ainda no interior do meu útero.
Durante todos esses dias estive com ele em todos os momentos possíveis e que me
foram permitidos. “Que delícia era poder estar por àquela meia horinha todos os
dias com meu filho” meia hora de manhã e meia hora à tarde e meia hora nos finais
de semana. No dia 27.04 “ele saiu dos aparelhos respiratórios” e na manhã do
dia 02.05, recebi uma linda notícia, a de que o me filho havia recebido alta da
UTI e iria para o quarto. Desde então, não retornei mais para nossa casa e
agora estou aqui no hospital, no quarto com o meu MIGUEL, lógico, com o apoio
de toda minha família e na companhia diária da minha mãe (Mara) e do meu marido
(Mauro) que vem todos os dias de Ibitinga aconchegar um pouquinho o nosso
Príncipe. Na luta do dia a dia, estamos vencendo todas as suas etapas e
haveremos de vencer a guerra com dignidade, porque esta é a vontade de Deus.
Hoje ganhei o meu presente do Dia das Mães, AMAMENTEI MEU FILHO DE VERDADE, NOS
MEUS SEIOS e consegui deixa-lo por pelo menos 20 minutos mamando deliciosamente.
Agora estamos contando os dias para irmos para casa e vivermos mais
intensamente essa paixão, a de SER MÃE, a de ser MÃE DO MIGUEL!! Quero
aproveitar esse espaço e agradecer primeiramente a DEUS pela Vida, Cura e
Perfeição do meu Filho, que foi totalmente restaurado em nome do Senhor Jesus
Cristo. Amém. E através do Miguel, Projeto de Deus nas nossas vidas, que eu e
meu marido encontramos o seu caminho. Agradeço também o meu marido (Mauro) pelo
apoio, carinho, paciência, e por ser o grande Pai que eu não conhecia. Agradeço
toda minha família, que ficou mais linda e unida em oração depois do nascimento
do Miguel. Obrigada IRMÃ IVETE por suas orações e, que através da minha Irma
Rebeca, nos ajudou a enxergar o quão grandioso e gratificante é a Fé e que
devemos Crer para Receber. Agradeço, minha Doula, que em todos os momentos que
precisei, sempre me acolheu de forma intensa. O meu muito obrigada para todos
os médicos e enfermeiras que cuidaram do meu filho na UTI e também a todas as
enfermeiras, que são como mães do meu filho, e médicos que estão cuidando do
Miguel agora no hospital. OBRIGADA MEU FILHO, MIGUEL, POR TRANSFORMAR-SE DE
ANJO EM HOMEM E TRANSFORMAR TAMBÉM A MINHA VIDA E A DO SEU PAI! VOCÊ É
GUERREIRO, VENCEDOR, LINDO, ORGULHO DA MAMÃE. TE AMO FILHO!! Esse é meu relato,
e tenham certeza, depois que sairmos desse hospital, escreverei exatamente o
que senti todos esses dias. FELIZ DIA DAS MÃES PARA TODAS AS MAMÃES E QUE O
SENHOR CONTINUE ABENÇOANDO TODOS NÓS! AMEM.
Gabriela
Gabriela
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