quarta-feira, 29 de junho de 2011

Desbravando os caminhos da humanização.

Conheci esse casal maravilhoso na primeira gestação deles. De lá para cá, tenho orgulho de ter estado com eles nessa jornada linda e desbravadora, em que foram amadurecendo suas escolhas e trasnformando os sonhos numa realidade linda. Segue abaixo o relato de uma mulher muto guerreira e de seu maior cúmplice:


JOÃO PEDRO
Depois de muito tempo, consegui sentar e relatar um pouco de como foi o nascimento dos meus filhos. Tentarei ser o mais breve possível, mas acho importante destacar alguns fatos. Mesmo com alguns problemas de saúde e sob muitos conselhos para evitar filhos, engravidei no início de 2009. Certas coisas vão acontecendo, mas a gente só vai se dando conta com o passar do tempo. Decidi fazer o pré-natal com a minha ginecologista que também era obstetra. Logo na primeira consulta, o Lucas perguntou se ela era obstetra e ela respondeu: “infelizmente”. Não soou bem, mas na hora não dissemos nada e nem pensamos que aquele comentário seria importante e fizesse diferença no futuro. Passei muito mal durante os três primeiros meses de gestação, com muitos enjôos. Cheguei a emagrecer até. E me irritava muito porque eu não conseguia curtir a gravidez de tão mal que passava, e para ajudar, a médica ainda ficava me perguntando em toda consulta se eu queria mesmo aquele bebê, porque muitas mulheres que não queriam filhos e engravidavam, acabavam inconscientemente passando mal e vomitando como uma forma de tentar eliminar a criança. Achava aquilo absurdo, claro que queria meu filho! Esperei tanto por aquela gravidez! Como poderia não querê-lo!
Nós sempre pensamos e idealizamos que teríamos nosso bebê em parto normal, mas nunca imaginamos que iríamos travar uma grande luta por isso até chegarmos ao sexto mês de gestação. Quando perguntamos a médica sobre a diferença entre o parto normal e a cesárea, esperávamos que ela nos explicasse os prós e contras de cada um, mesmo já tendo certa a decisão pelo parto normal, pois tudo estava muito bem. Mas a resposta foi diferente e logo percebemos que ela pendia para o lado da cesárea, principalmente quando disse que “o parto é um momento tão bonito da vida da mulher, para quê sentir dor?”. Quando batemos o pé e eu disse que queria o parto normal, ela começou a colocar um monte de empecilhos: temia que eu não suportasse a dor e que entrasse em depressão pós-parto; começou a me contar de mulheres que xingavam seus maridos durante o trabalho de parto e outras coisas mais. Mesmo assim, eu disse que queria normal, então ela me disse que tudo bem, que usaria anestesia e que faria episiotomia. Saímos de lá bem desanimados, sentindo muita insegurança e desorientação. Então, começamos a buscar informações sobre parto pela internet. 
Visitamos o hospital, para conhecer o ambiente. Constatamos que não havia sala de pré-parto e nem de parto e que tanto parto normal quanto cesárea aconteciam no centro cirúrgico, utilizado também para outras cirurgias. Enquanto conversávamos com a assistente social que nos acompanhou na visita, percebemos que tudo era relacionado à cesariana e quando perguntávamos de parto normal, era considerado como uma eventualidade, como algo raro de acontecer, com comentários do tipo: “se for parto normal...”. Nesse mesmo tempo, o Lucas encontrou um site que falava sobre parto humanizado em Araraquara e foi aí que tomamos conhecimento do que eram doulas e a partir daí elas entraram em nossas vidas.
Confesso que tive um pouco de resistência no começo. Quando o Lucas me apresentou o site e sugeriu que entrássemos em contato com elas, eu disse que não queria ninguém estranho perto de mim no momento do meu parto. Mas ele insistiu dizendo que era apenas para conversarmos e buscarmos informações, já que estávamos tão perdidos com aquela situação da médica e do hospital. Então peguei o telefone e liguei para a Cristiane, expliquei minha situação e marcamos um encontro. A Cristiane veio acompanhada da Rosângela até a nossa casa, apresentaram seu trabalho, tiraram algumas dúvidas, indicaram algumas direções e nos convidaram para participar do grupo de apoio para gestantes, o qual elas levavam a frente. Após esse encontro, o Lucas e eu conversamos, ficamos mais animados e agora tínhamos o apoio e respaldo da Cris e da Rô, que passaram a nos acompanhar e nos “doular” na gestação do João Pedro. Lemos muitos artigos, relatos e assistimos a muitos vídeos sobre partos. Tínhamos alguns encontros onde tirávamos nossas dúvidas e expúnhamos nossas ansiedades, medos e expectativas.
Em nova consulta com a obstetra, contamos a respeito da visita ao hospital e comentamos a possibilidade de termos o bebê em São Paulo, já que poderíamos contar com um plano de saúde da empresa do Lucas. Naquele mesmo dia, tivemos que escutar a médica comentar que estava cansada da obstetrícia, que os convênios pagavam pouco por muito trabalho e que as gestantes reclamavam demais. Conversando com a Cris e a Rô, elas nos indicaram outro médico que poderia nos ajudar com o parto, já que de todos da cidade ele era o mais adepto a realizar partos normais. Ligamos para marcar uma consulta, mas a secretária disse que tentaria me encaixar caso acontecesse alguma desistência, pois a agenda dele estava lotada até o próximo ano. O Lucas sempre me disse que Deus fecha algumas portas e abre outras em nossa vida. Certo dia, a obstetra nos ligou dizendo que já que tínhamos a possibilidade de irmos para São Paulo, ela achava melhor que fossemos ter o bebê lá. Disse que continuaria nos atendendo no pré-natal se quiséssemos, mas que nos aconselhava a ir para lá. Agora sim, nos sentimos órfãos. Do sétimo para o oitavo mês de gestação a médica estava sutilmente nos dizendo que queria nos abandonar. Cogitamos a possibilidade de ter o bebê em São Paulo, mas teríamos muitas dificuldades lá, inclusive a possibilidade do Lucas não estar presente no nascimento do tão esperado filho, e isso era algo que nós dois não queríamos. Logo em seguida, recebemos outra ligação. Agora da secretária do outro obstetra dizendo que havia uma desistência e que ela tinha um horário para o final da tarde daquele mesmo dia (isso é coisa de Deus ou não?!).
Fizemos a consulta com o outro obstetra, explicamos nossa situação, nossos planos e as dificuldades que estávamos encontrando com a outra médica. Ele aceitou nos acompanhar e a partir daí, passamos a fazer o pré-natal com ele. Tudo estava indo bem até que nos últimos quinze dias tive diabetes gestacional. Algo que não contávamos e que não era muito bom. Tentei manter o máximo possível o peso. Até que não engordei muito na gravidez, de 79 kg cheguei a 93. O problema é que já estava fora do peso antes de engravidar. Pensamos na possibilidade de termos um parto domiciliar, mas ao consultarmos o médico, ele não achou viável por causa da bendita diabetes. Combinamos que se tudo corresse bem, gostaríamos que o parto fosse realizado no quarto, já que possuíamos um plano de quarto privativo. O que ele aceitou, mas disse que decidiria na hora sobre a episiotomia. Travamos então outra batalha com o hospital, pois mesmo com uma carta de recomendação do médico, não conseguimos autorização da direção para que as doulas pudessem nos acompanhar durante o parto. Mas pensaríamos em alguma estratégia!
Dia 8 de outubro pela manhã senti duas contrações que me acordaram e em seguida percebi que minha bolsa tinha estourado, pois escorria um pouco de líquido pelas minhas pernas. Levantei e chamei o Lucas, que na verdade tinha acabado de deitar, pois estava trabalhando no turno da noite. Disse a ela que a bolsa tinha estourado, nós combinamos que não iríamos dizer nada aos meus pais que estavam em casa, para não criarmos ansiedade neles. Ligamos para a Cris e a Rô e como tínhamos mesmo uma consulta com o médico naquele dia, a Rô nos acompanhou. O médico constatou que a bolsa estava mesmo rota e disse que o bebê tinha que nascer naquele dia, pois havia um tempo limite para o bebê nascer sem risco de infecção.  Ele nos mandou voltar para casa, caminhar muito para ver se eu entrava em trabalho de parto e pediu para irmos para o hospital lá pelas 3 horas da tarde. Nos despedimos da Rô no consultório e fomos andar um pouco pela cidade. Voltamos para casa, almoçamos e logo a Cris e a Rô chegaram em casa. 
Comecei a tomar chá de canela para estimular as contrações e fomos o Lucas, a Cris, a Rô e eu caminhar pelo bairro. Caminhamos muito e tive algumas contrações espaçadas. A cada uma delas ficávamos de cócoras na rua. Algumas pessoas se assustavam e ofereciam ajuda ou carona para me levarem ao hospital, mas nós dizíamos que só estávamos nos exercitando. Tive que parar em duas escolas para ir ao banheiro, pois estava andando com uma caneca térmica cheia de chá de canela durante a caminhada. Eram quase cinco horas quando o médico ligou querendo saber se já estávamos no hospital. O Lucas disse que estávamos caminhando e que estávamos chegando em casa para nos arrumar e sair. Quando chegamos em casa, tomamos café, fui tomar um banho e só depois saímos para o hospital – eram quase sete da noite.
Chegando ao hospital, a recepção estava lotada. Enquanto o Lucas ficou fazendo minha internação, a Rô e eu fomos andar pelo quarteirão do hospital. Demos três voltas e a cada contração, ainda espaçada, a Rô me apertava a cintura contra o muro, para aliviar um pouco a dor. A Cris iria chegar um pouco mais tarde. Depois que o Lucas conseguiu fazer a minha internação, deixamos as coisas no quarto e fomos andar pelos corredores do hospital. Quando voltamos, havia duas enfermeiras me procurando, me chamaram de fujona e disseram que eu não poderia mais sair do quarto. Me pediram para deitar e começaram a fazer um exame chamado cardiotocograma, para monitorar os batimentos cardíacos do bebê. Também me pediram para vestir o avental do hospital. Um pouco depois entrou outra enfermeira, que me deu a impressão de estar bem frustrada e desiludida. Ela veio colocar o soro com ocitocina para estimular as contrações e o trabalho de parto. Perguntamos se poderíamos esperar a chegada do médico para depois aplicar o soro, mas ela não concordou. Antes disso, ela fez um exame de toque horrível. A partir daí, as contrações ficaram mais fortes, mas não ritmaram.
Continuamos a caminhar dentro do quarto e a fazer alguns exercícios. O médico chegou e disse que esperaríamos mais um pouco. Aquela sensação de angústia e ansiedade começaram a me dominar. Eu tinha um prazo para entrar em trabalho de parto e não conseguia. A enfermeira fez vários exames de toque, muito dolorosos e nada progredia. O médico entrava no quarto e dizia que esperaria somente mais um pouco. As contrações continuavam doloridas, espaçadas, a dilatação não progredia, o colo do útero estava duro e o bebê ainda estava alto. Como eu já disse, mesmo com uma solicitação por escrito do nosso obstetra, o hospital não autorizou a entrada e acompanhamento das doulas em nosso parto. Como nosso plano era de quarto privativo, as visitas podiam permanecer até as 22 horas. A Rô já havia entrado comigo e a Cris chegou mais tarde. Eu estava no meio de uma contração, seminua, com os três me apoiando para aliviar a dor, quando o segurança bateu na porta e entrou imediatamente no quarto dizendo que as visitas deveriam sair e que apenas um acompanhante poderia permanecer comigo. O Lucas ficou bravo pela invasão de privacidade e pediu que ele se retirasse. Ele insistiu que duas pessoas deveriam sair e o Lucas disse que ninguém sairia. Aí o segurança disse que iria falar com a direção do hospital e o Lucas disse que ele poderia falar com quem quisesse, mas que se retirasse do quarto. Eu fiquei muito nervosa, pensei: “ai, agora vão levar o meu marido preso!!!”, mas a Cris e a Rô me acalmaram, dizendo que nada daquilo aconteceria. Algum tempo depois o segurança voltou, entrou do mesmo jeito que da primeira vez, e disse que havia falado com a direção do hospital e que elas poderiam ficar por aquela noite.
Continuamos na expectativa de uma evolução do trabalho de parto. Eram 23 horas e a enfermeira fez mais um exame de toque constatando que nada havia mudado. Então, o médico veio conversar conosco e disse que não convinha esperar mais, que já tínhamos muitas horas de bolsa rota, que inclusive havíamos excedido o tempo limite. Ainda tentamos argumentar dizendo que estávamos bem e que poderíamos esperar ainda um pouco mais, mas ele voltou a dizer que não convinha. Diante disso, acho que chegamos ao nosso limite, sem querer por nosso filho em risco, deixamos que o profissional tomasse as devidas providências. Para mim aquilo uma espécie de morte, uma derrota muito grande. Chorei muito, me senti uma fracassada. Me perguntava o que tinha feito de errado ou o que tinha deixado de fazer para as coisas não acontecerem como eu tinha planejado. O Lucas me acalmou, a Cris e a Rô, que tinham saído do quarto para conversarmos com o médico, voltaram. Nós rezamos um pouco juntos e logo as enfermeiras vieram me buscar.
Deitada numa maca ia sozinha rumo ao centro cirúrgico e senti que as dores começaram a aumentar. Enquanto preparavam o centro cirúrgico, me deixaram em uma sala de recuperação com mais três ou quatro mulheres que haviam feito cesariana e que estavam esperando o efeito da anestesia passar. A enfermeira mexeu no soro e senti uma dor horrível, as contrações aumentaram, comecei a tremer de frio. Queria me levantar, mas não consegui. Logo depois, a enfermeira veio me buscar. Já na sala de cirurgia senti dores terríveis ao mesmo tempo em que tremia. As enfermeiras queriam que eu abrisse as pernas para colocarem uma sonda urinária e eu gritando de dor, querendo me levantar. O médico disse a elas que era para colocar a sonda depois da cesárea. Como eu estava chorando de dor, o médico ainda fez mais um exame de toque. Ele disse que o trabalho de parto tinha começado a evoluir, mas que ainda levaria umas 7 ou 8 horas e que não podíamos esperar mais. Fui anestesiada e aquela dor horrível passou, mas continuava a sentir muito frio. Ali sozinha e querendo que toda aquela situação acabasse logo comecei a repetir baixinho uma oração: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim que sou pecador”.
Enquanto tudo isso acontecia, o Lucas esperava lá fora. Tinha ouvido meus gritos e pedido para entrar várias vezes, mas a enfermeira não deixou, dizendo que depois ela chamava. Lá dentro, o médico já estava iniciando a cirurgia e eu já tinha escutado ele perguntar umas 3 vezes as enfermeiras se já tinham chamado o pai da criança. Nenhuma delas respondeu até que ele disse mais firme que a criança já ia nascer e o pai não estava lá. Então, uma delas foi chamar o Lucas que entrou enquanto o médico já havia iniciado os procedimentos. Senti quando um deles apertou a minha barriga, gritei e ouvi o médico dizer que meu filho havia nascido.
O João Pedro foi direto para as mãos da enfermeira que iria levá-lo para o pediatra. Eu disse para o Lucas ir atrás dele. Escutei seu chorinho já no corredor. O Lucas poderia descrever melhor do que eu o que aconteceu na recepção do João Pedro, mas sei que ele foi aspirado, que recebeu o colírio de nitrato de prata e a injeção de vitamina K, que a enfermeira esfregou um pano nele para tirar o vernix. Sei que ele chorou muito. Não sei se precisava de tudo isso ou não. Depois de tudo isso, as enfermeiras levaram o João Pedro para eu ver. Ele chorava bastante. O Lucas e eu começamos a conversar com ele e ele ficou quietinho, nos ouvindo. A enfermeira encostou o rostinho dele no meu, dei-lhe as boas vindas, a benção e um beijo e depois ela o levou para o berçário. Novamente pedi ao Lucas que fosse com ele.
O médico me deu os parabéns e disse que tudo tinha ido bem e que tínhamos feito um bom trabalho. De tudo isso, eu apenas agradeci a Deus porque o João Pedro nasceu e estava bem. As enfermeiras ficaram limpando e arrumando algumas coisas. Depois me levaram para a sala de recuperação. As outras “pacientes” já haviam ido para seus respectivos quartos. Eu fiquei lá sozinha, deitada naquela maca, sentindo um frio imenso.  O tempo parecia não passar, aliás, eu não tinha nem noção das horas. Lembro quando uma das enfermeiras veio me perguntar se eu já sentia as pernas. Eu disse que não. Tentei movê-las, mas não tive resultado. Então ela me disse que o meu bebê estava esgoelando de fome no berçário. Além de estar imóvel lá, ainda tive que ouvir um comentário desses. Bem motivador, não?! Algum tempo depois, me levaram para o quarto e logo levaram o João Pedro para nós. Aquele momento foi o segundo momento mais divino que tivemos. Depois de termos o recebido no centro cirúrgico, agora ele estava definitivamente conosco, nos meus braços, lindo, pequenino, meio sonolento e mamando pela primeira vez. Tudo tinha passado, agora éramos apenas nós três, quietos e em paz.
JOSÉ MARCOS
Não tínhamos planejado nada para tão cedo, mas seis meses depois do nascimento do João Pedro, descobri que estava grávida outra vez. No começo fiquei um pouco assustada. Pensava em como daria conta de cuidar de dois bebês tão pequenos, mas ao mesmo tempo me sentia muito feliz por perceber que não tinha tanta dificuldade para engravidar, como pensei que tivesse.
Liguei para a Cris contando a novidade e já pedindo a ajuda delas outra vez. Continuamos a participar do grupo sempre quando possível, voltamos a ler relatos sobre partos e marcarmos encontros com a Cris e a Rô. Conversamos a respeito do nascimento do João Pedro, refletimos sobre o que havia dado certo e o que queríamos que fosse diferente. Tínhamos uma certeza, buscaríamos o parto normal outra vez. Acho que toda a experiência que vivenciamos com o João Pedro nos ajudou a ficarmos ainda mais perseverantes e mais fortes em nossa vontade de realizar o melhor para a chegada do mais novo membro da família. A Cris e a Rô nos deram muitos livros para lermos e muitos vídeos para vermos. Voltei a fazer hidroterapia e comecei a fazer yoga, pena que apenas nos últimos três meses de gestação, por falta de oportunidade.
Comecei a fazer o pré-natal com o mesmo obstetra, mas dois meses depois ele saiu de licença por questões de saúde. Ele me encaminhou para um outro obstetra de sua equipe e confiança, mas não tive empatia com ele. Não discuti nada com ele, pois contava com a volta do meu obstetra para o parto. Mas os meses foram passando, não havia nenhum indício de que ele voltaria. Eu ia às consultas com o outro médico por falta de opção. Cogitamos a possibilidade do parto domiciliar novamente, mas quando falamos com a parteira de São Carlos e dissemos a DPP – 04 de janeiro – ela disse que não estaria no final do ano. Fiquei me sentindo muito órfã e preocupada, pois não estava nem um pouco feliz ou segura com o médico e sentia que acabaria tendo outra cesárea sem querer. Um dia em conversa com a Cris, contei a ela sobre minha aflição, então ela me deu uma luz: falou-me a respeito de uma obstetra de São Carlos que estava muito envolvida com o parto humanizado e que poderia ser uma opção, já que nosso plano cobre território nacional. Peguei o telefone e marcamos uma consulta para o mês seguinte.
Até chegar a consulta fiquei apreensiva, pois não queria me iludir e de repente ter uma decepção, mas depois que entrei no consultório e conheci a doutora Carla, fiquei ainda mais calma. Conversamos bastante, contamos como foi a gestação e nascimento do João Pedro. Ela nos tranqüilizou quanto ao caso de bolsa rota, pois disse que já havia feito um parto com mais de 24 horas de bolsa rota. Falamos a respeito de intervenções de rotina e, muitas vezes, desnecessárias e concordamos que tudo seria o mais natural possível.
Passamos então a realizar o pré-natal em São Carlos. Conhecemos a maternidade que tem uma infra-estrutura totalmente diferente do hospital de Araraquara. Lá há sala de pré-parto e equipamentos e materiais simples (bola, banqueta, banheira inflável, berço aquecido) e, sobretudo, equipes de enfermagem treinadas e engajadas na humanização de partos. Conversamos com uma pediatra, também de São Carlos, acostumada a trabalhar com a obstetra e acertamos que se ela estivesse na cidade – pois corríamos o risco dele nascer em dias de sua ausência – ela receberia nosso pequeno José Marcos. Caso contrário, ele seria recebido pelo plantonista, pois a minha DPP era muito complicada e chegamos a conclusão que seria besteira sairmos de porta em porta em busca do pediatra ideal aos nossos planos. Todos os exames em ordem, gestação tranqüila. Era só esperar o momento do José Marcos. Muita gente brincava comigo dizendo que ele iria nascer na virada do ano, mas eu retrucava que se ele adiantasse, nasceria no dia 2 de janeiro. Muitos dizem: “as palavras tem força”, eu creio que sim. Acho que mais que mentalizar que meu bebê nasceria dentro da bolsa, acabei mentalizando a data do parto.
Estava bem sossegada com a arrumação das roupas do bebê. Ainda no dia 29 de dezembro fui comprar algumas coisas e só no final da tarde fui lavar tudo. Para quê pressa e ansiedade? O neném só viria no próximo ano (que não estava tão longe assim!!). Na madrugada do dia 28 para 29, senti algumas contrações. Fiquei um pouco aflita, mas eram apenas os pródromos. Mas na madrugada do dia 29 para 30 de dezembro, senti uma contração e um líquido quente escorrendo. Sentei na cama e disse “ai, de novo não!!!”. Quando coloquei os pés no chão, ainda sentada na cama, escorreu bastante água, fazendo uma pequena poça. Chamei o Lucas e disse que a bolsa tinha estourado. Ele se levantou e eu pedi que ele pegasse alguns panos para colocarmos no chão. Segui para o banheiro e conforme eu andava escorria muita água. Tomei um banho e ficamos um olhando para a cara do outro e rindo. Nosso José Marcos ia chegar!!! Resolvi deitar, pois ainda era cinco e meia da manhã. Estava um pouco calma porque era o primeiro dia de folga do Lucas e meus pais estavam vindo, mas aí me dei conta que não tinha arrumado nada nem para o bebê e nem para mim.
Levantamos por volta das oito, oito e meia. Liguei para a Cris e disse: “Cris, o José Marcos não vai nascer dentro da bolsa”. Ela sugeriu que eu ligasse para a médica e depois retornasse para ela. A médica me perguntou a respeito da cor do líquido e eu respondi que estava claro. Então ela disse para eu caminhar bastante, tomar chá de canela e curtir a evolução do trabalho de parto. Pediu para a mantermos informada, caso nada mudasse ela não faria nada antes das 24 horas de bolsa rota. Fora isso, a vida era normal. Retornei para a Cris que me incentivou a sair e passear. Eu disse a ela que estava escorrendo muito líquido e que as toalhas não estavam dando conta. Ela então deu a ideia de usar fralda geriátrica. Aderi a idéia. Fomos até a farmácia e compramos um pacote de fraldas. Depois saí com o Lucas e o João Pedro, fomos ao mercado, à loja de R$ 1,99 e em diversos lugares. As vezes vinha uma ou outra contração, que não estavam tão fortes, eu parava respirava fundo e continuava as atividades. Quando chegamos em casa, meus pais haviam chegado. Almoçamos e começamos a arrumar algumas coisas em casa: arrastar e mudar estante de lugar, ajeitar livros, arrumar guarda-roupa, subir e descer de cadeira. Isso me ajudou muito a passar o dia sem muita ansiedade e me manteve ativa. A Cris esteve em casa por volta das dez da noite com a Camila, enfermeira obstetra, para ouvir o coração do bebê e tudo estava bem. Na hora de dormir foi um pouco complicado, as contrações ainda estavam espaçadas, mas estavam mais fortes. Comecei a gemer um pouco mais alto, senti que deitada não conseguiria dormir. Passei a noite cochilando ora em cima da bola, apoiada na cama e ora de quatro, em cima da cama, escorada em travesseiros e almofadas. Por volta das três da manhã chamei o Lucas, assistimos a um filme e resolvemos ligar para a Cris, pois parecia que as contrações haviam ritmado. A Camila veio também, escutou novamente o bebê e tudo estava bem. Ficamos conversando um pouco e sentindo que as contrações espaçaram novamente, fui deitar um pouco. Logo ao amanhecer, saímos a Cris, o Lucas e eu, com uma caneca térmica com chá de canela, para caminharmos pelo bairro. Era a manhã de 31 de dezembro. 
A Cris revezou com a Rô, que chegou mais tarde para a Cris ir descansar. Nada havia mudado. As contrações não evoluíam. Depois daquela caminhada, não senti mais vontade de caminhar. Passei o dia na bola ou sentada no colo do Lucas, com massagens nas costas. Tomei um banho e consegui dormir por mais ou menos uma hora. No final da tarde ligamos para a médica que pediu que fossemos até a maternidade, em São Carlos, para fazer um hemograma e um cardiotocograma. A Cris nos acompanhou. Os exames constataram que tudo estava bem comigo e com o José Marcos. Voltamos para casa. Deixamos a Cris na casa dela e fomos embora. Combinamos que avisaríamos sobre qualquer mudança. Mas nada mudou. Fizemos a ceia cedo e fomos deitar antes da meia noite. A dor das contrações ficou mais forte. Eu sabia que deitada seria pior, mas estava tão cansada que resolvi deitar assim mesmo. Naquela noite senti muita dor e rezava pra Deus me ajudar a agüentar, porque sabia que era um processo natural do meu corpo. O Lucas esquentou uma bolsa de água para colocar nas minhas costas. Minha mãe estava na cozinha e parecia aflita. Ela foi até o quarto e me disse que não entendi muito e perguntou se o neném não deveria nascer logo que a bolsa estourasse. Eu disse a ela que nem sempre era assim e que eu estava vivendo um trabalho de parto demorado e que era normal. Disse a ela que muitas mulheres também passavam por esse momento com dor, como eu, só que muitas passavam no hospital e eu havia escolhido passar por aquele momento em casa, mas que ela não se preocupasse que tudo estava bem, que eu estava bem. Depois disso não senti mais nenhuma “intervenção” por parte dos meus pais. Eles até que estavam calmos, tomando conta da casa e do João Pedro. O dia amanheceu, era 1º de janeiro. Fui para debaixo do chuveiro com a bola, para relaxar um pouco. Quando as contrações vinham eu respirava fundo e de forma prolongada, as vezes vocalizava e cantei o refrão de um salmo nos intervalos das contrações. Ele dizia assim: “Levanto os meus olhos para o monte / de onde me virá o auxilia / o auxílio me vem do Senhor / que Fez o céu e a terra”. Apesar de sentir a dor, estava tranqüila e curtindo todo aquele momento, pois era a chegada do meu filho e dessa vez eu e ele faríamos tudo acontecer.
A Cris chegou e estávamos almoçando. Depois a deixamos em casa e passamos na casa da Rô e seguimos novamente para a maternidade. Escutamos novamente o bebê e tudo estava bem. A Rô me ajudou a vocalizar um som durante as contrações, pois eu estava um pouco resistente a isso e me tensionando ao invés de me soltar para aliviar a dor. Não posso negar que as vezes me batia  ansiedade, aflição e desânimo, porque o trabalho de parto não evoluía. O fantasma do parto anterior me preocupava e temia que acabasse sofrendo outra cesariana. Mas continuava esperando, tomando chá de canela, mas não queria saber de caminhadas. Voltamos para casa e mais uma noite de fortes e espaçadas contrações passou. Era dois de janeiro. Íamos novamente para São Carlos, as contrações pareciam engrenar, dessa vez colocamos as malas no carro. Apesar de der dito que iria pra maternidade só quando o trabalho de parto estivesse bem avançado, decidi ir preparada para ficar, pois senti medo das contrações forte no caminho e também porque tinha esperança que chegando lá, com a mudança de ambiente, mesmo sendo um hospital, algo poderia mudar, já que em casa nada acontecia, e o trabalho de parto evoluísse de vez. A Cris e a Rô foram conosco.
Quando chegamos à maternidade, a recepcionista nos mandou entrar, inclusive o Lucas dizendo que depois ele voltaria para fazer a internação. Demos sorte porque a equipe de enfermagem que estava de plantão era uma equipe bem entrosada com a minha médica e a humanização do parto. Escutamos o bebê e tudo estava bem, mas as contrações não evoluíam. No momento decidi ficar no hospital. Sinceramente estava com medo de voltar para casa e passar mais um dia e uma noite naquela ansiedade, naquela espera. Estava um pouco cansada. Não ia desistir, mas não expressei nenhuma vontade de sair daquele hospital, contrariando meu plano anterior de só ir para o hospital prestes a parir. Não sei explicar, mudei de ideia. A enfermeira conversou com a médica pelo telefone, para passar o andamento do trabalho de parto e então foi conversar conosco. Ela disse que pelo jeito, o trabalho de parto ainda demoraria a engrenar e que provavelmente o José Marcos só nasceria no dia seguinte. Ela disse que temendo um desgaste físico e emocional maior, ainda mais pelo fato de eu ter decidido ficar no hospital, a médica tinha sugerido ministrar uma dose muito pequena de ocitocina, apenas para que o trabalho de parto evoluísse. Fiquei aflita, perdi um pouco o chão. A enfermeira disse que a decisão era minha e se retirou para que eu pensasse e depois respondesse com calma. A Cris e a Rô também se retiraram. Ficamos o Lucas e eu.
Chorei muito e muitas coisas passavam pela minha cabeça: que eu seria fraca por utilizar o hormônio artificial; que eu estava desistindo do que era natural; que algo poderia dar errado e que fosse preciso fazer cesariana, enfim, muitos medos. Mas graças a Deus, eu sempre tive o apoio e a força do Lucas comigo, que me tranqüilizou. Também tive o apoio da Cris e da Rô e os três me fizeram ver que eu não estava sendo fraca e nem desistindo de nada, mas sim, utilizando de um recurso que poderia me ajudar e que não era um uso desnecessário e de rotina. Ainda sim todos me deixaram na liberdade de decidir o que eu queria, nada foi imposto. Pensando que eu poderia realmente me desgastar física e emocionalmente no momento em que mais precisaria de força, decidi que fosse ministrada a ocitocina sintética para que o trabalho de parto se tornasse efetivo. E foi o que aconteceu. Comecei a receber o soro, com bomba de infusão para controlar minuciosamente a dose por volta das 13 horas. As contrações começaram a ficar mais freqüentes e bem mais doloridas. Daí para frente fiquei na bola ou em pé apoiada na cama, recebendo massagem ou pedindo para me apertar as costas e o quadril quando percebia que as contrações chegavam. Tudo foi ficando mais intenso. Senti calor, tirei meu vestido e já não tinha mais noção de horas. Sei que fui mudando de comportamento, já não queria comer ou beber nada. Às vezes sentia sede  e bebia um pouco de água, um ou outro me dava uma colher de mel para me dar energia e manter a vitalidade do José Marcos. Passado algum tempo a Cris perguntou a enfermeira se eu não poderia entrar na banheira. Sei que começaram a encher a banheira e depois eu entrei. Fiquei lá com o Lucas e gritava mesmo quando as contrações vinham. Sentia muita dor nas costas e sabia que tudo o que estava sentindo era processo do meu corpo trabalhando para o neném nascer. Comecei a imaginar ele vindo cada vez mais pra perto de mim. A banheira encheu e inundou o banheiro. A moça do serviço de limpeza foi chamada para secar o chão. Lembro de ver a Rô com um rodo também. Sei que fizeram tudo sem interferir no meu momento, em silêncio e com respeito.
Depois de algum tempo, a enfermeira pediu que eu saísse um pouco da água, pois ela precisava fazer um exame de toque para passar a situação para a médica, mesmo porque ela estava indo embora. Devo enfatizar aqui que até o momento, em nenhum dos dias, recebi qualquer exame de toque. Todos concordamos que o exame de toque poderia ser um meio de infecção no caso da bolsa rota e que teríamos outros meios de perceber a evolução do trabalho de parto. Com toda calma e cuidado a enfermeira realizou o exame, que foi dolorido sim, mas que foi muito mais suportável do que da última vez que precisei sofrer um. A enfermeira constatou que eu estava com 8 cm de dilatação e me disse com muito carinho e otimismo que meu bebê iria nascer logo. Fiquei um pouco fora da água. A equipe de enfermagem passou o plantão. A outra equipe veio ajeitar o quarto, também em silêncio, sem alvoroço. Alguém fechou a persiana, o quarto ficou na penumbra. Havia um rádio que tocava um CD que eu tinha levado desde quando demos entrada no quarto. Estava na chamada partolândia, sem noção de tempo. Fiquei um pouco de cócoras, sendo sustentada pelo Lucas; fiquei um pouco na banqueta, na bola e de pé, escorada e abraçada pela Cris. Gemia, vocalizava sons, gritava. Apertava a Cris ou o Lucas, sentindo meu corpo trabalhar, imaginando o José Marcos descer cada vez mais. Não sou e nem fui de ficar falando alto, mas o chamava cada vez mais no meu íntimo. Sabia que ele também estava fazendo a parte dele. Não sabia quanto tempo ainda levaria, nem o quanto as contrações e a dor aumentariam, mas não queria receber analgesia. Tudo estava suportável e eu fui levando adiante.
A Cris me sugeriu que eu entrasse na banheira novamente e foi o que fizemos, o Lucas e eu. Primeiro ele ficou de frente para mim e eu o abracei e a cada contração eu o apertava tanto que achei que fosse quebrá-lo. Depois de algum tempo a Cris ou a Rô me disseram que se eu sentisse vontade de fazer força, que poderia fazê-la. Não demorou muito e eu comecei a sentir essa vontade, tive a sensação de que algo mudou, estava cada vez mais próximo do José Marcos chegar. A doutora Carla chegou, pediu que eu ficasse um pouco em pé, ascultou o bebê e disse que faria um exame de toque para ver em que pé estava a situação. Logo ela me deu uma ótima notícia, ele já estava pertinho, disse para eu colocar a mão e eu pude sentir o alto da cabecinha dele, lá dentro. Dali em diante, ela ficou sentada de frente para mim, juntamente com a Cris e a Rô; o Lucas me segurando por trás, escorado sabe Deus como e aonde, pra poder deixar a ducha de água quente cair em minhas costas, mas se manteve ali, forte. As contrações vinham, eu vocalizava alto, apertava o Lucas e escutava palavras carinhosas de incentivo de todos. Mais algumas contrações e a Carla me disse que ele já estava coroando, mas eu não quis colocar a mão, não queria me mexer. Ela disse pro Lucas senti-lo, mas eu não deixei. Sinto hoje que fui egoísta, mas no momento não queria mudar nada para não atrapalhar o “andar da carruagem”. A pediatra se encontrava na porta do banheiro, apenas observando junto com a enfermeira. A Carla me disse que se eu quisesse mudar de posição, que eu poderia, mas eu disse que não. Estava ali, dentro da banheira, sentada na banqueta de parto e com a ducha de água nas costas. O José Marcos estava chegando e eu estava pronta e de certa forma muito ansiosa por recebê-lo, abraçá-lo. Senti arder, finalmente o “círculo de fogo” que tanto havia ouvido nas experiências do grupo de apoio. Eu estava parindo! Vi quando a Carla pediu uma compressa para aparar o períneo, mas nem deu tempo, tive mais uma contração e ele nasceu de uma vez e eu senti cada centímetro dele saindo de mim. Ela o recebeu e me entregou, aquela coisinha perfeita, com olhos alertas e espertalhões já me encarando. Chorei de tanta alegria e nada mais pude dizer entre lágrimas do que “Seja bem vindo, meu filho. Que Deus te abençoe”. O Lucas chorou muito também. Ele levou a mão para tocá-lo e o José Marcos logo agarrou seu dedo, segurando forte. A Carla nos mostrou o cordão, nos deixou segurá-lo e ainda pulsava. Instantaneamente senti mais uma leve contração e a placenta escorregou de uma vez. O cordão parou de pulsar e o Lucas o cortou. Após aquele momento máximo e de puro êxtase, a pediatra se aproximou para pegá-lo e ali mesmo no quarto, enquanto eu saía da banheira, ela fez os primeiros cuidados, num bercinho aquecido. Não foi necessário aspirá-lo; não pingou o nitrato de prata, conforme solicitado por nós por escrito e prescreveu que ele recebesse a vitamina K via oral. O vestiram e me devolveram para mamar. Eu estava na cama, enrolada com lençóis, a Carla constatou uma pequena laceração e deu três pontos apenas para acelerar a cicatrização. Dali, fui andando para o quarto, enrolada nos lençóis, enquanto a Rô levava o José Marcos e o Lucas, as malas. Lá tomei um banho, enquanto o Lucas o levou a enfermaria para pesá-lo e medi-lo. Logo voltou e ele pôde ficar nos meus braços e mamar com muita calma e tranqüilidade. Foi estupendo, uma emoção que não tenho como descrever. Novamente estávamos em paz, felizes e extasiados.














2 comentários:

Carla disse...

Emocionante, divino!!
Já compartilhei no meu blog, também.
Beijo grande!!

Anônimo disse...

Maravilhoso. Parabéns
Me sinto muito honrada por participar de seu processo querida.Beijos
Shirley enfermeira.